Campo da esquerda cresce e Lula diminui diferença de Bolsonaro em volume de interações nas plataformas
Atualizado em 17 de outubro, 2022 às 5:31 pm
- A partir de agosto, Bolsonaro e Lula cresceram em número de interações no Twitter. No entanto, enquanto o petista vem mantendo a tendência de crescimento, Bolsonaro desacelerou após o 7 de setembro;
- Atores e páginas da esquerda e centro-esquerda se destacam no debate sobre eleições no Twitter e no Facebook, mas a base governista consegue mobilizar a maior parte das interações no Twitter;
- Ainda que a campanha de Bolsonaro esteja mirando nas mulheres, as associações entre o presidente e o tema machismo cresceram significativamente, cerca de 543%, entre agosto e setembro, repercutindo de modo negativo para o candidato à reeleição;
- Embora a base governista apresente forte mobilização em torno da queda do preço dos combustíveis, Lula obteve crescimento maior nas associações com o tema, sobretudo após a viralização do meme “Lula subiu, Gasolina caiu”.
Com o avanço do processo eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro tem perdido força nas plataformas e já é seguido de perto pelo ex-presidente Lula em volume de interações nas principais redes. É o que mostra o levantamento da Escola de Comunicação da FGV, que analisou mais de 280 milhões de interações nos perfis dos presidenciáveis em cinco plataformas populares no Brasil.
Apesar de ainda ter uma larga vantagem em termos de interações no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro tem reduzido sua distância do ex-presidente Lula no Twitter, Instagram e Tiktok. Já no Youtube, o presidente já foi ultrapassado por Simone Tebet, Ciro Gomes e Lula, que lidera o volume de visualizações entre os presidenciáveis. Esse crescimento do candidato petista é acompanhado por uma ampliação do campo político da esquerda.
Com a proximidade do pleito, os principais temas de debate das eleições são mobilizados a partir das movimentações políticas e falas dos candidatos que lideram as pesquisas. Uma análise sobre os temas relacionados aos presidenciáveis no Twitter mostrou que houve aumento da associação entre Bolsonaro e intervencionismo durante os protestos de sete de setembro. Já as referências ao ex-presidente Lula se concentraram no aspecto da segurança/corrupção, sobretudo na repercussão de ameaças a Fernando Haddad em comício cancelado no interior de São Paulo e no posicionamento do presidenciável frente ao uso político da efeméride por parte de Bolsonaro.
Mapa de interações – Twitter
Mapa de interações de menções a presidenciáveis no debate sobre eleições no Twitter
Período: de 08 a 19 de setembro
Esquerda (Vermelho) ‒ 32,62% dos perfis | 38,8% das interações
Conjunto formado pela esquerda, com destaque para o perfil do ex-presidente Lula. Além de manifestações de apoio ao petista, o grupo é marcado pela mobilização de sentimentos negativos em relação a Bolsonaro, geralmente, por meio de episódios que explicitam comportamentos supostamente condenáveis por parte da base governista. O caso no qual um empresário bolsonarista negou comida à uma senhora petista, por exemplo, foi amplamente mobilizado pelo grupo. Também circula a perspectiva de Felipe Neto, que entende que o tom mais ameno, recentemente adotado por Bolsonaro, configura uma estratégia para cooptar os votos dos indecisos.
Influenciadores (Rosa) ‒ 30,9% dos perfis | 4,3% das interações
Composto por influencers diversos, o grupo é marcado pela forte rejeição a Bolsonaro, de modo a se conectar com o cluster da esquerda. Adotando um tom bem-humorado em seus tuítes, a base reúne piadas e memes que ironizam diferentes aspectos relacionados ao presidente, como a ideia de que a Rainha Elizabeth teria passado por vários episódios em sua vida, mas não teria suportado o coro de “imbrochável” puxado por Bolsonaro durante o 7 de setembro.
Direita (Azul) ‒ 27,53% dos perfis | 50,5% das interações
Grupo constituído pela base governista, com protagonismo de Jair Bolsonaro e aliados, como o jornalista Kim Paim. Mobilizada pelo antipetismo, a base repercute a noção de que Bolsonaro estaria politicamente forte, ameaçando Lula, a imprensa e o judiciário. Com destaque para o intenso compartilhamento de imagens do 7 de setembro, proibidas pelo TSE de serem utilizadas como propaganda eleitoral, há um tom de insubordinação no grupo, sobretudo, em relação às decisões do judiciário. A defesa da liberdade e os supostos avanços que o governo conquistou para o Brasil também se destacam.
Centro-esquerda (Laranja) ‒ 4,41% dos perfis | 5,5% das interações
Base de apoio ao presidenciável Ciro Gomes, com destaque para publicações que elogiam e caracterizam o pedetista como o candidato mais coerente e qualificado da corrida eleitoral. Os ataques a Lula e a Bolsonaro também são recorrentes, além de publicações que salientam o currículo e a experiência de Ciro. Há uma noção de que aqueles que preferem um dos dois presidenciáveis à frente nas intenções de voto estariam sendo manipulados.
Principais tuítes dos grupos no mapa de interações do Twitter
Período: de 08 a 19 de setembro
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
Evolução dos campos políticos no Twitter
A análise dos campos políticos é feita a partir da rede de relações estabelecida a partir de retuítes. A regra de pesquisa utilizada busca coletar as publicações que fizeram menções aos candidatos à presidência do Brasil em 2022. Os grupos são formados a partir da rede de retuítes, que aproximam perfis que retuitaram os mesmos perfis. Ou seja, se dois perfis retuitaram 10 outros perfis, sendo, 8 destes, iguais. Eles se aproximam. Caso não compartilhem perfis, eles se distanciam.
Essa técnica permite identificar conjuntos de perfis que são posteriormente classificados segundo os campos ideológicos. A identificação foi feita a partir da presença dos quatro candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto. Lula foi a proxy para definir o conjunto de esquerda; Bolsonaro, o de direita; Ciro Gomes, o de centro-esquerda; e Simone Tebet o de centro-direita.
O primeiro gráfico apresenta a variação do volume de perfis no debate sobre os presidenciáveis. Os grupos alinhados a Lula e Jair Bolsonaro oscilam entre 35% e 50% dos perfis, sendo amplamente predominantes em relação a Ciro Gomes e Simone Tebet. Observa-se que o grupo que contou com a presença do ex-presidente Lula ocupou a liderança no volume de interações em 14 dos primeiros 19 dias de setembro.
O segundo gráfico apresenta a variação no volume de interações no debate sobre os presidenciáveis. As interações são calculadas pelo número de retuítes. Servem como uma medida para identificar o engajamento e a mobilização dos grupos. Os dados coletados em setembro mostram que o grupo que conta com a presença de Bolsonaro esteve à frente em volume de interações em 10 dos primeiros 19 dias do mês. Esse grupo, no entanto, costuma apresentar maior volume de engajamento em boa parte das análises desse tipo. Ou seja, o placar apertado, de 10 x 9, é um indicativo da força do conjunto de Lula no Twitter durante o mês de setembro.
Evolução dos campos políticos no Twitter
Período: de 1º a 19 de setembro
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
Interações em perfis de presidenciáveis
Twitter
Evolução de interações nos perfis de presidenciáveis no Twitter
Período de análise: de 25 de julho a 18 de setembro | Agregado por semana
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Jair Bolsonaro e Lula apresentam uma disputa acirrada em volume de interações durante todo o período. As entrevistas no Jornal Nacional estiveram entre os posts com mais interações em todos os presidenciáveis;
- A publicação com mais interações entre todos os candidatos foi publicada pelo ex-presidente Lula, com a foto de sua marca de campanha no dia 16 de agosto. O segundo post com mais interações foi publicado pelo perfil de Jair Bolsonaro, com um vídeo em que o presidente joga um game online.
- Ciro Gomes obteve destaque com publicações que criticam a atuação de Jair Bolsonaro na presidência da República e que buscam consolidar sua imagem como uma opção viável para a disputa presidencial;
- Simone Tebet apresentou baixo engajamento em todo o período, obtendo maior alcance em posts que criticaram o trato de Bolsonaro com mulheres, com destaque para os discursos do dia 07 de setembro e o ataque à jornalista Vera Magalhães durante o debate da Band.
Facebook
Evolução de interações nos perfis de presidenciáveis no Facebook
Período de análise: de 25 de julho a 18 de setembro | Agregado por semana
Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Bolsonaro segue como principal presidenciável no Facebook. Destacam-se publicações com bastidores da entrevista concedida ao Jornal Nacional e com a transmissão do discurso proferido na praia de Copacabana durante os protestos de 07 de setembro;
- Lula obteve destaque em publicações que registraram alianças com lideranças políticas, como Alexandre Kalil, Geraldo Alckmin e André Janones. A publicação sobre a independência do Brasil foi a terceira com mais interações;
- Ciro Gomes se concentrou em postagens em tom agressivo, investindo em críticas e ataques a Lula e a Bolsonaro. O volume das interações em seu perfil, no entanto, não foi tão elevado;
- Simone Tebet foi a presidenciável que menos fez publicações, o que também refletiu em seu volume de engajamento. Destacam-se posts sobre o lançamento da sua candidatura.
Instagram
Evolução de interações nos perfis de presidenciáveis no Instagram
Período de análise: de 25 de julho a 18 de setembro | Agregado por semana
Fonte: Instagram | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- O presidente Jair Bolsonaro tem alta no volume de interações no começo da campanha eleitoral, mas não consegue manter sua distância dos demais presidenciáveis. As publicações sobre a entrevista e conteúdos que divulgam conquistas do governo federal tiveram alto desempenho na plataforma;
- O ex-presidente Lula também teve alta e conseguiu manter seu desempenho, ultrapassando Bolsonaro em volume de engajamento nas últimas semanas. Na plataforma, o petista continua apostando em associar sua imagem a celebridades. Conteúdos mais mais íntimos, falando da sua esposa e time de futebol;
- O presidenciável Ciro Gomes não teve crescimento significativo na plataforma durante o período. Entre as publicações com maior volume de interações estão conteúdos em que o pedetista critica o presidente Bolsonaro pelos atos do 7 de setembro, fala da sua candidatura como alternativa para a polarização política e lamenta a morte de Jô Soares;
- A presidenciável Simone Tebet teve segue com pouca presença na plataforma. Nas publicações com maior volume de interações a senadora aciona pautas feministas para se colocar como a candidata que defende as mulheres.
YouTube
Evolução de visualizações nos canais de presidenciáveis no YouTube
Período de análise: de 25 de julho a 18 de setembro | Agregado por semana
Fonte: YouTube | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- A presença do ex-presidente Lula na plataforma cresceu com o início oficial da corrida eleitoral. Se destacam os vídeos utilizados na sua campanha televisiva defendendo o petista de supostas mentiras e comparando seu projeto político e sua história pública com a do presidente Bolsonaro;
- Mantendo seu bom desempenho na plataforma, o presidenciável Ciro Gomes tem alto volume de visualizações em vídeos apresentando suas principais propostas de governo, defendendo seu projeto político e os vídeos com seu programa eleitoral;
- A presidenciável Simone Tebet também usa seu canal no YouTube para divulgar os programas de governo e interseções na programação aberta em que divulga suas principais propostas;
- O presidente Jair Bolsonaro divulga suas lives semanais pela plataforma e suas realizações como presidente. Apesar de ter regularidade nas visualizações, tem um desempenho inferior aos demais candidatos.
TikTok
Evolução de plays nos canais de presidenciáveis no TikTok
Período de análise: de 25 de julho a 18 de setembro | Agregado por semana
Fonte: Tiktok | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- O ex-presidente Lula teve o vídeo mais visualizado entre os presidenciáveis e apresenta tendência de crescimento. Nos vídeos com maior engajamento, Lula se usa de trends nativas da plataforma de forma exitosa. Com destaque, recortes da entrevista no JN que enfatizam a capacidade do petista de dialogar, além disso, relatos pessoais em tom emocional reforçam seu compromisso em cuidar das pessoas;
- No acumulado semanal, Jair Bolsonaro apresenta o maior pico de interações e persiste no tom de rivalidade a Lula e ao PT, centra seus ataques ao tema da corrupção e frisa que o PT foi “contra a redução dos combustíveis”. Ataques à mídia tradicional também compõem o repertório discursivo dos conteúdos. Entre os vídeos de destaque, Bolsonaro ainda exalta o agronegócio brasileiro;
- Ciro Gomes com apropriação de meme e alta atividade na plataforma exibe vantagem na última semana. Embora os conteúdos centrem críticas majoritárias a Bolsonaro, Ciro converge críticas de cunho econômico tanto a Bolsonaro quanto a Lula, equivalente às propostas dos dois candidatos, buscando se diferenciar a partir de sua proposta de modelo econômico;
- Muito aquém das métricas de interações dos demais presidenciáveis Simone Tebet repercutiu trechos das sabatinas e debates eleitorais focando em críticas ao Presidente Bolsonaro, principalmente à sua má gestão durante a pandemia, ainda exaltou as políticas educacionais e de saúde pública, com atenção à primeira infância e aos jovens.
Mapa de interações – Facebook
Mapa de interações de menções a presidenciáveis no debate sobre eleições no Facebook
Período: de 08 a 19 de setembro
Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
Esquerda (Vermelho) ‒ 37,04% dos perfis
Conjunto formado por perfis alinhados à esquerda que compartilharam notícias de sites “neutros” ou de viés progressista. Notícias que fragilizam a candidatura de Bolsonaro estão em destaque, como a reportagem que expõe a compra de imóveis em dinheiro vivo por parte do presidente e seus familiares, no UOL, e o episódio em que um empresário bolsonarista negou alimentos a uma eleitora de Lula, veiculado no Estado de Minas. No contexto do 7 de setembro, ganharam repercussão a resposta de Janja Silva à tentativa de Bolsonaro de desqualificá-la por ela não ser uma “princesa”, como seria a primeira-dama e outras mulheres de direita, e a revista de PMs em jovens negros que vaiaram as manifestações bolsonaristas, no Rio de Janeiro. Também houve destaque para os cortes na Farmácia Popular, pesquisas eleitorais e declarações de celebridades sobre a escolha do “voto útil” em Lula.
Direita (Azul) ‒ 29,93% dos perfis
Grupo formado por apoiadores de Bolsonaro e marcado pelo compartilhamento intenso de links com teor antipetista. Destacam-se a divulgação do chamado “LulaFlix” e a circulação de uma notícia do portal Brasil Sem Medo defendendo a veracidade de um áudio fake atribuído a Lula. Na suposta gravação, recentemente compartilhada por Flávio Bolsonaro, o ex-presidente ataca Antonio Palocci. A circulação de conteúdo duvidoso marca boa parte dos links propagados pelo grupo, com referências ao “DataPovo”, a pesquisas que mostram a vitória de Bolsonaro no primeiro turno e a supostos indícios de uma parceria entre o petista e a rede Globo. A noção de que o presidente estaria sendo perseguido pela imprensa e pelo judiciário também se manifesta.
Veículos locais (Verde) ‒ 3,19% dos perfis
Grupo formado por blogs e veículos regionais independentes que tendem a privilegiar perspectivas que se alinham a Bolsonaro ou a Lula, diretamente ou a partir de aliados locais. O blog Luís Cardoso, por exemplo, destaca uma pesquisa em que Bolsonaro estaria à frente de Lula nas intenções de voto, enquanto o blog Ezequiel Neves divulga declaração de membros do PDT sobre “voto útil” em Lula. Os veículos ainda destinaram espaço significativo para noticiar os cortes na Farmácia Popular e a polêmica envolvendo o cantor João Gomes, que teria se posicionado contra Bolsonaro e, por isso, teria tido shows cancelados no interior do Maranhão.
Grupos de esquerda (Laranja) ‒ 2,21% dos perfis
Conjunto que enfatiza episódios de violência decorridos do embate entre petistas e bolsonaristas, por meio da circulação de links que noticiam tais eventos. Há uma preocupação em explicitar episódios iniciados, sobretudo, pela base governista, reforçando a noção de que os apoiadores do presidente são perigosos.
Centro-esquerda (Rosa) ‒ 1,20% dos perfis
Composto por sujeitos que ocupam a terceira via, sobretudo, que declaram apoio a Ciro Gomes, com intensa circulação de links que procuram explicitar e demarcar as intenções de voto no pedetista. As tensões com Bolsonaro e Lula também ganham destaque: há a noção de que o atual presidente e seus apoiadores são violentos e perigosos; Lula e os petistas, por sua vez, seriam traidores e corruptos. Nota-se que, ao propagar links que alimentam a retórica antipetista, o grupo se conecta lateralmente à base governista, compartilhando, por exemplo, falas e opiniões de sujeitos da direita, como Monark.
Temas associados aos presidenciáveis
Variação de temas mais associados ao presidenciável Lula
Período de análise: de 23 de agosto a 5 de setembro com relação ao período anterior | 6 a 19 de setembro com relação ao período anterior
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- O debate sobre violência e criminalidade obteve destaque, sobretudo, na comparação entre o segundo e o primeiro período analisado. O aumento foi motivado pelo debate dos presidenciáveis na Band, quando Bolsonaro chamou Lula de ex-presidiário, gerando uma mobilização de sua base em torno do termo “Luladrão”. Casos de violência por parte de bolsonaristas contra apoiadores do ex-presidente movimentaram a discussão nas semanas seguintes, mas a mobilização foi fraca em relação ao período anterior;
- O debate televisivo também impulsionou um aumento de 254% nas discussões sobre meio ambiente, com as acusações contra a política ambiental do governo Bolsonaro atuando como forma de promover Lula;
- A campanha negativa contra Bolsonaro foi destaque ainda no debate sobre machismo, com as pessoas declarando voto em Lula por afirmarem que não poderiam votar em um candidato que, supostamente, odeia mulheres. A narrativa, porém, limitou-se aos dias próximos ao debate da Band, enfraquecendo nas semanas seguintes;
- Destaca-se ainda um aumento de 114% nas associações entre Lula e a questão dos combustíveis, principalmente, a partir do início de setembro, quando a expressão “Lula subiu, Gasolina caiu” viralizou. Após Carlos Bolsonaro denunciar o meme ao TSE, as menções sobre o tema alcançaram o pico, com comentários ridicularizando o vereador. O movimento se repetiu na segunda semana de setembro, quando o preço do gás caiu novamente;
- As menções à corrupção oscilaram, apresentando, de início, um aumento de 166% que, no entanto, não se manteve. Este crescimento foi positivo para Lula, sendo marcado por comparações entre o caso do Triplex e o recente escândalo referente à compra de imóveis pela família Bolsonaro, de modo a defender que o episódio envolvendo o presidente seria muito mais grave.
Variação de temas mais associados ao presidenciável Jair Bolsonaro
Período de análise: de 23 de agosto a 5 de setembro com relação ao período anterior | 6 a 19 de setembro com relação ao período anterior
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- O debate sobre desinformação atingiu um pico importante de menções por conta da entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional. Enquanto apoiadores argumentaram que os entrevistadores tentaram desestabilizar o presidente, a oposição destacou “mentiras” sobre economia, saúde e corrupção que teriam sido ditas pelo governante;
- A agressão de Bolsonaro contra um influenciador que se referiu a ele como “tchutchuca do Centrão” foi destaque em violência/criminalidade, temática que liderou as menções ao presidente em todos os períodos analisados. No episódio, críticos apontaram uma postura violenta e “descontrolada” por parte do presidente. A proposta de redução do ICMS de armas também movimentou essa categoria, com críticos e apoiadores;
- O aumento de 543,75% em machismo, se compararmos o primeiro período de análise ao segundo, ocorreu devido à agressão dirigida à jornalista Vera Magalhães, no debate entre presidenciáveis da Band. O episódio gerou uma significativa onda de apoio à profissional nas redes progressistas;
- Menções a meio ambiente tiveram um aumento de 194,94% no período, motivado sobretudo pela notícia de que as manifestações de 7 de setembro teriam tratores, em aceno do presidente ao agronegócio;
- No contexto do Dia da Independência, o uso político da data cívica, os pedidos de “intervenção militar” e os ataques da base bolsonarista ao Judiciário pautaram menções numerosas a intervencionismo, crimes eleitorais e instituições públicas. A discussão em torno de crimes eleitorais aumentou em 66,45% e 112,43%, enquanto o debate sobre instituições públicas foi ampliado em 75,35% e 37,26% nos períodos analisados.
Nuvem de palavras sobre o discurso de Bolsonaro na ONU
O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, recebeu mais de 265 mil menções no debate sobre as eleições de 2022 no Twitter.
Evolução de interações nos perfis de presidenciáveis no Twitter
Período de análise: 20 de setembro
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Os dizeres “vergonha mundial” e “vergonha brasileira”, em referência à projeção na “sede da ONU em Nova York”, modularam o tom das críticas a Bolsonaro, e foram mencionados 10,5 mil e 6,4 mil vezes, respectivamente.
- Os termos competiram de modo acirrado com a menção a “padres e freiras” (12,6 mil menções) e “perseguidos na Nicarágua” (8,2 mil menções), amplamente incorporados pelos apoiadores de Bolsonaro, após as denúncias sobre perseguição religiosa no país.
- Nas menções associadas ao termo “Assembleia Geral da ONU” (26,4 mil menções), destaca-se a atuação de perfis de oposição, que sinalizaram inverdades que teriam sido proferidas pelo governante, especialmente em relação à condução da pandemia da Covid-19 e aos retrocessos ambientais no país; A frase foi mobilizada para atribuir ao dirigente características altruístas e humanitárias, assim como a declaração sobre a atuação do governo em prol das mulheres, diante das críticas recentes de machismo;
- Outro ponto levantado pela base bolsonarista como ápice do discurso foi o anúncio do suposto fim da “corrupção sistêmica” (6,7 mil menções), que foi repercutido com ironia por perfis progressistas; No geral, a base bolsonarista explorou com ênfase especial a associação sugerida pelo presidente entre Lula e a “corrupção sistêmica” no Brasil, além de tentar humanizar o candidato, perante os eleitores indecisos, através de suas “boas relações” com cristãos e mulheres.
- A projeção de mensagens críticas a Bolsonaro na “sede da ONU em Nova York” mobilizou cerca de 5,7 mil menções, majoritariamente oriundas de perfis de oposição a Bolsonaro.
A pauta sobre a suposta perseguição religiosa na Nicarágua reverberou em temas antigos da política nacional, em especial, na associação entre Lula e o PT com o “Foro de São Paulo” (5,5 mil menções) e em acusações sobre o ex-presidente ser “amigo” de Daniel Ortega.