Pressionado por impeachment, Trump tuíta três vezes mais que no resto de seu mandato
Levantamento feito a pedido do jornal O Globo mostra que número de tuítes chegou a quase mil por mês nos últimos quatro meses
Atualizado em 14 de fevereiro, 2020 às 11:07 am
Assim que a presidente da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, anunciou que abriria uma investigação para saber se Donald Trump havia cometido crimes passíveis de impeachment, em 24 de setembro de 2019, o presidente recorreu ao espaço por meio do qual se comunica com maior frequência: sua conta do Twitter. Entre as 21 postagens que o presidente americano (@realDonaldTrump) compartilhou na ocasião estão expressões como “assédio ao presidente”, “caça às bruxas” e um vídeo em que acusa a oposição de querer removê-lo sem motivo.
De acordo com análise da FGV DAPP, durante os mais de quatro meses que separaram a abertura do inquérito de impeachment e a última quarta-feira (29/01), Trump tuitou exatas 4 mil vezes — uma média de pouco menos de mil tuítes ao mês. Entre o início de seu mandato, em 20 de janeiro de 2017, e setembro do ano passado, sua média mensal de postagens foi significativamente menor: cerca de 330 posts ao mês, de acordo com sites que arquivam os tuítes do presidente.
Apenas no dia 22 de janeiro, Trump postou 142 vezes em sua rede social — seu recorde diário desde que assumiu a Presidência. Naquele dia, os sete deputados democratas que atuam como promotores no julgamento do Senado começaram a apresentar seus argumentos contra o presidente. Ele é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso depois que a investigação da Câmara concluiu que houve uma campanha de pressão para que o governo da Ucrânia investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden, potencial rival de Trump nas eleições deste ano. A acusação sustenta que Trump reteve um pacote de ajuda à Ucrânia de US$ 391 milhões e também usou como barganha uma visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca.
*A Sala de Democracia Digital é uma ação da FGV DAPP, em parceria com Chequeado, na Argentina, Linterna Verde, na Colômbia e Ojo Público, no Peru. Nós monitoramos o debate público nas redes sociais pela América Latina.