08 jul

PEC “Kamikaze” endurece os campos e acende alerta sobre risco fiscal e institucional

Atualizado em 12 de julho, 2022 às 10:54 am

  • Oposição se consolida nos 70% entre perfis e interações, oportunismo e irresponsabilidade fiscal estão entre as principais críticas à PEC do governo às vésperas das eleições;
  • Grupo governista investe na “agenda positiva” do governo; benefícios sociais, porém, não impactam no crescimento da base.

Às vésperas das eleições, a Proposta de Emenda à Constituição cunhada de PEC “Kamikaze”, que dispõe sobre o aumento de benefícios sociais e decretação de estado de emergência, tem gerado discussões e preocupações sobre temas como responsabilidade fiscal e legislação eleitoral. Um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) mostra que entre os dias 28 de junho a 07 de julho foram registradas mais de 240 mil menções ao tema no Twitter.

 

Evolução de postagens no debate sobre a PEC “Kamikaze” de 2022
Período: 28 de junho a 07 de julho

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

 

Ainda na noite (29) em que a PEC foi apresentada pelo senador Fernando Bezerra (MDB-PE), foram registradas mais de 14 mil menções ao assunto. A discussão seguiu acalorada ao longo do dia seguinte, com a aprovação da PEC no Senado (30), registrando mais de 100 mil menções. No dia 07, o debate voltou7 a crescer com a aprovação da PEC pela comissão especial da Câmara e com a decisão do presidente Arthur Lira (PP-AL) em adiar a votação em plenário, prevista para ocorrer na próxima terça-feira (12/7).

 

Mapa de interações do debate sobre a PEC “Kamikaze”
Período: 28 de junho a 07 de julho

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

Esquerda ‒ 39,34% dos perfis | 52,80% das interações
Mobilizado por políticos de esquerda, jornalistas, blogueiros e ativistas sociais críticos ao governo federal, grupo manifesta preocupação com relação às possíveis consequências da proposta de emenda constitucional para os cofres públicos no futuro. Insinuando provável desfalque orçamentário nas contas da União, postagens classificam a medida do governo, tomada em ano eleitoral, como estratégia para angariar votos ‒ o que, em última análise, configuraria uma tentativa de “golpe” de Jair Bolsonaro (PL) para se manter na Presidência. Alguns perfis sugerem ainda que, se a proposição tivesse sido apresentada por governos anteriores, a reação popular e da imprensa seria menos transigente. Nesse sentido, grupos de ativistas digitais destacam a necessidade de protestos, caso a PEC avance no Congresso.

Direita ‒ 29,63% dos perfis | 23,29% das interações
Movimentado por políticos de direita, blogueiros e influenciadores digitais conservadores, o grupo repercute a aprovação no Senado do texto base da PEC que decreta estado de emergência para ampliar, temporariamente, os valores do Auxílio Brasil e Vale-Gás, criar um auxílio para caminhoneiros e taxistas, entre outros benefícios sociais. Além disso, postagens criticam os deputados da oposição, sobretudo os deputados petistas, por comemorar a aprovação de bilhões de reais destinados à Cultura, mas tentam impedir a aprovação dessa PEC que possivelmente vai beneficiar a população mais pobre do Brasil.

Influenciadores anti-governo ‒ 14,78% dos perfis | 12,05% das interações
Composto por blogueiros, influenciadores digitais e perfis de humor que fazem oposição ao governo federal, esse grupo assevera que a aprovação da PEC é uma estratégia de Jair Bolsonaro para comprar votos e tentar garantir a permanência na presidência do Brasil. Postagens salientam, ainda, a criatividade jurídica da base governista para a tramitação dessa PEC, chamando atenção para o fato de que o povo brasileiro está passando por dificuldades – seja pela fome, seja pelo aumento constante dos combustíveis – há tempos, mas o presidente só decidiu investir em programas sociais no ano da eleição.

Terceira via ‒ 13,28% dos perfis | 10,92% das interações
Composto por perfis de jornalistas, canais de comunicação e políticos que fazem oposição ao governo federal, esse grupo reverbera os supostos malefícios que essa PEC pode trazer para o Brasil, denunciando que se trata de uma “bomba fiscal” que viola a Lei de Responsabilidade Fiscal e fura o teto de gastos. Além disso, postagens declaram criticam a primeira versão da PEC “Kamikaze” proposta ao Senado, por decretar estado de emergência “artificial” que poderia favorecer medidas que prejudiquem o processo eleitoral e, ainda, propiciar alternativas para o presidente brasileiro utilizar o Tesouro para permanecer no poder.

Principais tuítes por grupo no debate sobre a PEC “Kamikaze”
Período: 28 de junho a 07 de julho

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP