Guerra cibernética e a ausência dos atores da política institucional marcam o debate entre Rússia e Ucrânia no Twitter
Atualizado em 7 de março, 2022 às 3:31 pm
- Debate sobre Rússia e Ucrânia contabiliza mais de 1,97 milhões de postagens no Twitter ;
- Sérgio Moro, dentre os presidenciáveis, é o que se notabiliza no debate, criticando a postura de Jair Bolsonaro e condenando o autoritarismo de ditaduras;
- A ausência de atores da política institucional, sobretudo da esquerda, chama atenção no Twitter;
- Críticas da base aliada ao governo recaem sobre a imprensa e outros atores tradicionais, não há críticas diretas ao governo russo.
Os últimos acontecimentos entre a Rússia e a Ucrânia continuam mobilizando as redes sociais do Brasil. De 25 de fevereiro a 02 de março, foram contabilizadas mais de 1,97 milhões de postagens no Twitter sobre esses dois países, conforme um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP).
Evolução do debate sobre Rússia e Ucrânia no Twitter
Período: de 9 de fevereiro a 3 de março
Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP
Há vários momentos de mobilização na plataforma. O maior pico ocorreu no dia 24 de fevereiro ‒ contabilizando 1,37 milhão de tuítes ‒ período em que as tropas russas avançaram sobre a Ucrânia e as postagens reagiram à iminência de uma possível Terceira Guerra Mundial. No entanto, no dia 25 de fevereiro – com aproximadamente 30 mil menções ao debate – há um novo pico repercutindo a declaração do grupo Anonymous ao governo russo de guerra cibernética e desativando o site da estação de propaganda russa.
Mapa de interações do debate sobre Rússia e Ucrânia no Twitter
Período: de 25 de fevereiro a 02 de março
Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP
Laranja ‒ 19,00% dos perfis | 21,05% das interações
Composto por perfis de canais de comunicação, professores, perfis de usuários comuns – com destaque para o perfil de Sergio Moro – esse grupo critica o possível apoio de Jair Bolsonaro à Rússia e condena o autoritarismo de ditaduras – como: Venezuela, Nicarágua e Cuba – por perpetuar guerras e violências. Postagens, ainda, salientam o avanço das tropas russas no território ucraniano e o bombardeio na capital da Ucrânia, Kiev.
Azul ‒ 23.97% dos perfis | 37.80% das interações
Orbitando o perfil de Jair Bolsonaro (PL), esse grupo é mobilizado por perfis de blogueiros e influenciadores digitais conservadores que repercutem o ataque hacker ocorrido na Rússia e levantam a possibilidade da imprensa brasileira veicular fake news. Postagens negam a informação de que Jair Bolsonaro teria falado com o presidente russo no dia 27 de fevereiro, afirmando que a conversa aconteceu no dia 16 de fevereiro, época em que Jair Bolsonaro estava na Rússia durante a visita oficial.
Rosa ‒ 15,84% dos perfis |10,46% das interações
Composto por canais de comunicação e perfis de usuários comuns, esse grupo reverbera o ataque hacker contra o governo russo; destaca a declaração de Jair Bolsonaro ao ironizar o destino de um país ao eleger um comediante e, ainda, repercute atitudes de solidariedade – espalhadas pelo mundo – ao povo ucraniano diante de momentos de tensão e de guerra.
Lilás ‒ 7,16% dos perfis | 4,38% das interações
Composto por canais de entretenimento e perfis de usuários comuns, esse grupo ironiza a informação de que Jair Bolsonaro conversou com Putin, presidente russo, por duas horas para falar sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. Além disso, postagens repercutem o fato da Ucrânia eleger um comediante para conduzir o país.
Amarelo ‒ 19,27% dos perfis | 20,17% das interações
Mobilizado por cientistas políticos, jornalistas e historiadores, esse grupo evidencia o boicote de vários líderes mundiais ao discurso proferido por Lavrov, Ministro russo, sobre direitos humanos na ONU e chama a atenção pelo fato do Brasil não boicotar e permanecer na sala. Além disso, postagens repercutem uma lista publicada pelo governo chinês sobre intervenções americanas desde a II Guerra mundial e – dentre as informações – tal lista salienta “sabotagem e tentativas de mudança de regime”, incluindo a destituição da presidenta brasileira, Dilma Rousseff, em 2016.