#DebateEnRedes: o eixo Economia e Finanças foi o tema do primeiro debate presidencial mais comentado no Twitter, e Macri, o mais mencionado
Por Celeste Gómez Wagner e Mariela García
Atualizado em 19 de dezembro, 2019 às 5:01 pm
Se você tiver só alguns segundos, leia estas linhas:
- O presidente que busca a reeleição foi o candidato mais mencionado, seja para apoiá-lo ou para criticá-lo, e teve quase o dobro de menções que Alberto Fernández.
- A discussão sobre ambos se centralizou em temas econômicos.
- Roberto Lavagna e José Luis Espert tiveram mais menções em temas de Educação e Saúde; Gómez Centurión, em Direitos Humanos e Gênero; e Nicolás Del Caño, em Relações Internacionais.
Em 13 de outubro passado, a Universidad Nacional del Litoral sediou o primeiro debate entre os seis candidatos à Presidência, organizado pela Câmara Nacional Eleitoral. Participaram Alberto Fernández (Frente de Todos), Mauricio Macri (Juntos por el Cambio), Roberto Lavagna (Consenso Federal), Nicolás Del Caño (FIT-Unidade), Juan José Gómez Centurión (Frente NOS), e José Luis Espert (Unite por la Libertad y la Dignidad).
Os blocos temáticos foram combinados entre um Conselho Assessor do organismo eleitoral e as equipes de campanha dos candidatos. Os temas se dividiram por sorteio entre os dois debates marcados, o que houve na semana passada e o de hoje, às 21 horas. O primeiro debate incluiu: Relações Internacionais; Economia e Finanças; Direitos Humanos, Diversidade e Gênero; e Educação e Saúde. Os candidatos tiveram dois minutos para expor sua posição sobre cada eixo, 30 segundos para “réplicas”, e outro meio minuto para finalizar sua participação em cada tema.
Para analisar o comportamento dos usuários no Twitter foi utilizado o Brandwatch, uma ferramenta que reúne parâmetros selecionados (ver quadro) e elabora uma amostra de 20%, na qual que é possível cruzar variáveis como as menções aos nomes dos candidatos ou aos temas, entre outras.
Desde o domingo às 21h até segunda também às 21h, o eixo temático que teve maior impacto no Twitter foi Economia e Finanças, com 64.001 menções, seguido por: Direitos Humanos, Diversidade e Gênero, com 54.711; Educação e Saúde, com 42.159; e Relações Internacionais, com 36.939 tuítes.
As hashtags, o uso de palavras-chave e as frases permitiram observar quais subtemas se desenrolaram no Twitter a partir dos eixos do debate, ou seja, quais aspectos foram os mais conversados na rede.
Sem diferenciar candidatos, as palavras, hashtags e frases melhor classificadas em relação ao bloco Economia e Finanças foram “#debatear2019”, “economía”, “deuda”, “#debatepresidencial” e “#macripresidente”. No desenrolar do debate, a política econômica do atual governo e a emissão da dívida em particular foram alvo de críticas dos candidatos opositores, enquanto Macri considerou que foram resolvidos “problemas que arrastávamos há décadas”.
Gráfico elaborado com base no Brandwatch – Eixo Economia e Finanças
No que diz respeito ao eixo Educação e Saúde, as palavras, hashtags e frases melhor classificadas foram “#debatear2019”, “educación”, “abuelos”, “Espert” e “#macripresidente”. Durante este bloco, o embate entre Macri e Fernández vinculado aos “abuelos” (avôs) e ao uso de celulares foi o que despontou em números. O candidato do Juntos por el Cambio disse: “Nossos avôs tem até receita médica no celular”; e nos 30 segundos que tinha de encerramento, Fernández replicou: “Ai, Presidente, Presidente, os avôs não têm celulares, Presidente. Eles não tem dinheiro para comprá-los”.
Gráfico elaborado com base no Brandwatch – Eixo Educação e Saúde
Por último, em Relações Internacionais e Direitos Humanos, Diversidade e Gênero, foram destaque alguns termos compartilhados como “Venezuela” e “Maduro”. Em diferentes momentos do debate, este tema marcou o compasso da discussão no Twitter. Por exemplo, quando Macri qualificou como “ditadura” o governo de Maduro: “A ex-presidenta Kirchner condecorou com a ordem de San Martín o ditador Maduro, enquanto nós reconhecemos o presidente Guaidó e denunciamos a violação dos Direitos Humanos na Venezuela, porque sobre isso não pode existir duplo discurso: ou se é a favor da ditadura ou se é a favor da democracia, e a neutralidade é dar apoio à ditadura”, advertiu.
Fernández, por sua vez, também marcou seu posicionamento no encerramento do bloco: “Não quero intervir na Venezuela. O presidente precisa admitir que está preparando a ruptura de relações para poder intervir. Espero, Presidente, que nenhum soldado argentino termine em terras venezuelanas”, indicou.
Gráfico elaborado com base no Brandwatch – Eixo Relações Internacionais
A hashtag #DebateAr2019, promovida pela conta oficial do Debate Presidencial 2019, esteve presente em todos os eixos, centralizando as conversas pelas redes.
Com o foco nos candidatos, foi detectado que Macri foi o mais mencionado no Twitter durante o período analisado (obteve um total de 196.118 menções), seguido por Fernández (100.328), Espert (34.673), Lavagna (30.049), Gómez Centurión (26.599) e Del Caño (3.968). É importante esclarecer que as referências aos candidatos podem ser tanto de apoio como de críticas.
Menções a cada candidato no Twitter em relação ao primeiro debate eleitoral
Os dados se referem à atividade no Twitter entre as 21h do domingo, 13 de outubro, e a segunda, 14 de outubro, na mesma hora. As menções podem ser positivas (elogios) ou negativas (críticas).
Fonte: elaborado pelo Chequeado com base na busca de palavras-chave sobre o debate presidencial e os nomes ou contas dos candidatos.
35% dos tuítes que mencionaram Macri se vinculavam com o tema Economia e Finanças; esse tema também foi vinculado a Fernández, com 39%. Ambos fizeram críticas à inflação, à pobreza e à dívida.
Os registros relacionados a Espert e Lavagna se concentraram, em sua maioria, no eixo Educação e Saúde. Durante esse bloco, Espert propôs “tarifar a universidade pública” e conceder bolsa aos “jovens com as melhores notas e que não podem pagar por seus estudos”. Essa afirmação lhe rendeu 33% das menções. Lavagna recebeu 35% dos registros com seu nome em um bloco no qual ele nem chegou a ocupar dois minutos de exposição de propostas.
Por sua vez, Gómez Centurión acumulou 46% das menções no eixo de Direitos Humanos, Diversidade e Gênero, no qual manifestou: “Me oponho sistematicamente a qualquer modelo de lei de aborto e de seus atalhos legais que são os protocolos; o direito da criança de nascer tem garantia constitucional e vamos defender essa garantia vetando qualquer lei de aborto proposta pelo Congresso”.
Além disso, no encerramento do eixo temático, o candidato da Frente NOS afirmou: “Nenhum deles disse a verdade. Eles mentem ao dizer que defendem as duas vidas enquanto dão Misoprostol de presente como se fosse balinhas”.
E por fim, 29% dos registros para Del Caño se concentraram no bloco Relações Internacionais, com os 30 segundos de réplica que utilizou em silêncio como forma de “homenagem aos trabalhadores, aos camponeses e indígenas do Equador que foram mortos por consequência da repressão do FMI”.
Gráfico elaborado com base no Brandwatch – Quantidade de menções por eixo, por candidato
*A Sala de Democracia Digital é uma ação da FGV DAPP, em parceria com Chequeado, na Argentina, Linterna Verde, na Colômbia e Ojo Público, no Peru. Nós monitoramos o debate público nas redes sociais pela América Latina.
Sobre a metodologia
O Brandwatch é uma ferramenta que utiliza regras de programação para a obtenção de um grande volume de dados. Neste caso, para a constituição de parâmetros de busca foi criada uma regra geral que inclui hashtags (oficiais e não oficiais), palavras-chave, contas de todos os candidatos e frases vinculadas com o processo eleitoral e com o debate presidencial, em particular.
Também foram criadas duas categorias: candidatos e eixos do debate. Cada uma delas foi dividida em subcategorias (nomes dos candidatos e temas, respectivamente).
As regras de cada subcategoria se configuraram filtrando os nomes e referências de cada candidato e seu espaço político, no primeiro caso; e, no segundo, mediante o uso de termos mencionados no debate dentro de cada eixo temático, junto com outras palavras e hashtags que, em cada um deles, foram mais repetidas. Por exemplo: para a subcategoria “Nicolás Del Caño” foram incluídas menções à sua conta oficial do Twitter e à “#FITunidad”. Para a subcategoria “Educação e Saúde” foram incluídos tanto termos usados no debate (como “educación”, “escuelas”, “Baradel”, “docentes”, “CONICET”), como outros que tiveram uma grande repercussão no Twitter, como “abuelos”.
Em todos os casos, para a obtenção de dados, foram mantidos os filtros de tipo de página (Twitter), idioma (espanhol) e horário determinado para esta análise (de domingo, 13 de outubro, às 21h até segunda, 14 de outubro, às 21h).
A análise original está disponível no site do Chequeado aqui.