Em meio à celebração da esquerda, paralisações de caminhoneiros mobilizam base alinhada a Bolsonaro
Atualizado em 7 de novembro, 2022 às 9:39 am
- Resultado da disputa presidencial gera mais de 1,37 milhão de retuítes e mais de 560 mil interações em posts feitos por páginas internacionais no Facebook;
- No Twitter, otimismo e comemoração marcam o campo de apoio a Lula, enquanto a base bolsonarista dá destaque à paralisação dos caminhoneiros em resposta à vitória do petista, além de agradecer a Bolsonaro por sua gestão do Executivo;
- Grupo formado por políticos apoiadores de Lula gera o maior número de interações e lançam luz à importância dos ritos democráticos.
O resultado da disputa presidencial no Brasil mobilizou mais de 1,37 milhão de interações no Twitter e gerou mais de 560 mil interações em posts feitos por páginas internacionais no Facebook. É o que mostra levantamento da Escola de Comunicação da FGV, que analisou dados de plataforma de mídias sociais entre 17h do dia 30 até 13h do dia 31 de outubro.
No debate brasileiro, destaca-se o descolamento de Lula do seu conjunto de apoio, motivado pelo alto volume de interações oriundas de perfis não-alinhados. Entre os grupos de apoio a Lula, chama a atenção, também, a presença de um conjunto formado por páginas de entretenimento e celebridades, como Choquei, Poptime, Séries Brasil, Tracklist e UpdateCharts.
No debate internacional, páginas dos Estados Unidos deram mais ênfase à derrota de Bolsonaro do que à vitória de Lula. Na Argentina, houve forte repercussão sobre os protestos de caminhoneiros após a divulgação de resultados. Já na Itália, o polêmico líder político do Movimento 5 Estrelas, Beppe Grillo, se posicionou desejando sorte ao novo presidente do Brasil.
Mapa de interações – Twitter
Mapa de interações de menções a presidenciáveis no debate sobre eleições no Twitter
Período: de 17h de 30 de outubro às 13h de 31 de outubro
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
Lula (vermelho) ‒ 11,8% dos perfis | 12,6% das interações
Liderado pelo perfil de @lulaoficial, o grupo se concentra em compartilhar postagens do futuro presidente do Brasil com promessas e mensagens de otimismo para seu mandato a partir de 1° de janeiro do próximo ano. Em outros tuítes, o petista comenta tentativas de atrapalharem sua candidatura, sugere explicações para sua vitória e compartilha imagens de manifestações populares em diferentes regiões do país.
Apoiadores de Lula (laranja) ‒ 11,0% dos perfis | 18,8% das interações
Agitado por apoiadores de Lula, sobretudo por perfis de políticos ‒ @simonetebetbr, @geraldoalckmin e @FHC ‒, esse grupo, em tom de comemoração, exalta a vitória do amor, da democracia, da verdade e, ainda, mencionam a operação da Polícia Rodoviária Federal no dia da eleição. Além disso, postagens destacam o silêncio de Jair Bolsonaro por não reconhecer a derrota nas urnas e é criticado por não cumprimentar o presidente eleito do Brasil, o que possivelmente acarreta no desconhecimento de alguns ritos democráticos, conforme apontam as mensagens na plataforma.
Apoiadores de Bolsonaro (azul) ‒ 10,2% dos perfis | 12,0% das interações
Orbitando o perfil de @jairbolsonaro, grupo é formado por políticos, influenciadores digitais, celebridades e ativistas sociais da base de apoio do atual presidente. Entre as principais postagens, tuítes de Bolsonaro com trechos da Bíblia e agradecimento a declarações de apoio do ex-presidente norte-americano Donald Trump, além de notícias sobre a paralisação de caminhoneiros contra a eleição de Lula. Outros perfis denunciam supostos atos de violência e agressões de apoiadores do petista contra eleitores de Bolsonaro em diferentes regiões do país.
Canais de entretenimento anti-Bolsonaro (amarelo) ‒ 9,8% dos perfis | 13,2% das interações
Movimentado pelos perfis @choquei e @siteptbr, esse grupo repercute a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições brasileiras de 2022 no segundo turno, ao mesmo tempo que salientam o fato de Jair Bolsonaro ser o primeiro presidente na história do Brasil que não consegue a reeleição. Postagens, ainda, evidenciam algumas ações realizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro e retomam trechos de um discurso de Lula proferido em 2016, no qual ele assevera que, se o prendessem, ele viraria herói; se o matassem, ele viraria mártir; e se o deixassem solto, ele viraria presidente de novo do Brasil.
Principais tuítes dos grupos no mapa de interações do Twitter
Período: de 17h de 30 de outubro às 13h de 31 de outubro
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
Nuvem de termos sobre a eleição no Twitter
Período: de 17h de 30 de outubro às 13h de 31 de outubro
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República marcou o teor das conversações sobre as eleições de 2022 no Twitter. O terceiro mandato do futuro presidente foi amplamente comemorado, com registros das manifestações de ruas em todo o país, evidenciando a vitória como sendo de todo “povo brasileiro”. Reações críticas de apoiadores do atual governo apontaram as gestões petistas como responsáveis pelo desvio de verbas que teria supostamente matado “milhões de pessoas”, em resposta àqueles que rememoraram as vítimas de Covid sob a gestão de Jair Bolsonaro. Ainda se destacam postagens que afirmam que é legítimo “reclamar do Lula”, visto que é um direito respaldado por um governo democrático.
Interações em páginas de países estrangeiros no Facebook
Período: de 17h de 30 de outubro às 13h de 31 de outubro
Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Na Itália, país que as páginas de Facebook tiveram o maior número de interações, destacam-se publicações de sites jornalísticos que noticiaram a vitória de Lula, destacando a sua trajetória de ex-sindicalista e o seu “grande retorno”. O humorista e ativista político, Beppe Grillo, fundador do “Movimento 5 Estrelas”, congratulou Lula, desejando boa sorte ao petista.
- Assim como na Itália, a Argentina também registrou um alto número de interações em páginas jornalísticas. No entanto, o principal foco dos posts foram os bloqueios promovidos por caminhoneiros após a divulgação do resultado negativo para Jair Bolsonaro.
- Nas publicações de páginas dos Estados Unidos, há um maior foco na derrota de Bolsonaro do que na vitória de Lula, com lembranças sobre a questão da Amazônia e sobre a “volta da normalidade democrática”.
- Na Alemanha, o post de maior volume de interações foi publicado pela DW e repercutiu o fato de Jair Bolsonaro não ter se pronunciado reconhecendo publicamente sua derrota.
- Em Portugal, os principais links registram o desconsolo de apoiadores de Jair Bolsonaro e apontam o horizonte de possibilidades para o país e para o mundo a partir da eleição de Lula.