Em dois meses, efeito da inflação na alimentação dos brasileiros contabiliza 335 mil tuítes
Atualizado em 5 de julho, 2022 às 2:23 pm
- Com 35,28% dos perfis envolvidos no debate, no Twitter, sobre gastos com supermercado, base partidária de direita repercute os esforços do governo federal para reduzir impostos e frear o aumento no preço dos produtos;
- Grupos críticos ao governo, que somam 40,5% das interações no período, manifestam preocupação com a precarização da alimentação dos brasileiros por conta da defasagem do salário mínimo e a alta de alimentos básicos;
- No centro do debate sobre o preço dos alimentos ‒ e da polarização em torno da inflação ‒, carne é evocada com nostalgia para falar sobre épocas de fartura.
Entre 29 de março e 5 de junho, foram identificadas 334,7 mil menções no Twitter aos recentes aumentos do preço dos alimentos que chegam na mesa dos brasileiros, segundo um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP). O momento de maior mobilização em torno do assunto acontece no dia 12 de maio, quando o debate contabiliza 27 mil tuítes. Nesse dia, ganha destaque um conjunto de postagens do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a redução de impostos federais de combustíveis, certos alimentos e medicamentos.
Evolução do debate sobre o preço dos alimentos no Twitter
Período: de 29 de março a 05 de junho de 2022
Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP
Em meio à preocupação dos usuários sobre o impacto da inflação na alimentação de modo geral, um produto que recebe atenção especial no debate é a carne. Alimento mais mencionado no período, o produto aparece em 58,5 mil tuítes (ou 17,5% das postagens). Além da indignação com o valor que o produto já teria alcançado em algumas regiões do país, vários perfis manifestam frustração com o fato de os brasileiros, atualmente, terem dificuldade de fazer churrasco com a mesma frequência de há alguns anos.
Mapa de interações do debate sobre o preço dos alimentos no Twitter
Período: de 29 de março a 05 de junho de 2022
Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP
Direita ‒ 35,28% dos perfis | 39,57% das interações
Orbitando políticos de direita e blogueiros e influenciadores da ala conservadora, grupo repercute esforços do governo federal para reduzir impostos e frear o aumento do preço de produtos como carne, café, óldeo de soja e açúcar. Algumas postagens contestam tentativas de atribuir o crescimento da inflação à política econômica da atual gestão; outros perfis, ainda, reverberam a opinião do Planalto de que o agronegócio brasileiro seria responsável por garantir segurança alimentar em nível mundial.
Esquerda ‒ 24,81% dos perfis | 30,04% das interações
Ancorado em políticos de esquerda, ativistas sociais e jornalistas críticos ao governo federal, grupo manifesta indignação com o aumento do preço dos alimentos, responsabilizando os governos de direita ‒ sobretudo o atual ‒ que, há seis anos, tem governado o país. Traçando paralelos entre o valor dos produtos e altas recentes dos combustíveis, postagens lamentam os inconvenientes gerados pela inflação, como a necessidade de racionar gás de cozinha e a impossibilidade de fazer refeições mais completas ou, até mesmo, churrascos.
Mídia ‒ 6,08 % dos perfis | 5,36% das interações
Composto por canais de mídia tradicionais, jornalistas e perfis de humor, grupo repercute detalhes sobre o aumento do preço de determinados produtos de supermercado. Arrolando números da inflação, postagens destacam, dentre outras coisas, diferenças no poder de compra entre 2018 e 2022 e entre 2019 e 2022, e a porcentagem de aumento no valor do tomate, da cebola, da cenoura e da carne nos últimos doze meses. Alguns perfis comentam, ainda, tentativas do presidente Jair Bolsonaro de minimizar a gravidade da situação.
Influenciadores digitais ‒ 5,38% dos perfis | 5,00% das interações
Grupo formado por influenciadores digitais, youtubers, blogueiros e artistas demonstra grande preocupação com a desvalorização do salário mínimo, com o valor a que chegaram determinados alimentos atualmente, e com a possibilidade de o Brasil acabar entrando no mapa da fome. Circulando memes que ironizam a perda de poder de compra do brasileiro, algumas postagens buscam emplacar, ainda, a campanha “O Brasil piorou” como forma de denunciar o constante crescimento da inflação no país.
Principais tuítes de cada grupo do debate sobre o preço dos alimentos
Período: de 29 de março a 05 de junho de 2022
Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP
No Facebook, as notícias com maior engajamento entre 29 de março e 05 de junho de 2022 ‒ em termos de reações, comentários e compartilhamentos ‒ tratam, principalmente, de como o aumento da inflação tem afetado o poder de compra em supermercados e a alimentação dos brasileiros. Outras notícias abordam a desvalorização do salário mínimo, ações do governo federal para diminuir impostos e a reação da população diante de uma promoção em um supermercado do Distrito Federal.
Notícias sobre o preço dos alimentos com maior engajamento no Facebook
Período: de 29 de março a 05 de junho de 2022
Fonte: Facebook | Elaboração: FGV DAPP