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#DebateEnRedes: Durante as eleições, o tuíte mais compartilhado foi publicado por uma conta falsa da ex-presidente CFK

Por Ariel Riera e Celeste Gómez Wagner

Atualizado em 28 de janeiro, 2020 às 3:51 pm

Se você tem só alguns segundos, leia estas linhas:

  • Os distritos que compartilharam mais tuítes coincidiram com aqueles em que a Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança) se destacou em número de votos, com exceção da Província de Buenos Aires.
  • O pico de tuítes foi atingido entre as 22h20 e as 23h20, momento em que Macri reconheceu sua derrota.
  • A publicação mais compartilhada foi feita por @CFK_, uma conta falsa da ex-presidente e agora eleita vice-presidente pela Frente de Todos.

No dia 10 de dezembro, a Argentina terá um novo presidente. O candidato da Frente de Todos, Alberto Fernández, superou o presidente Mauricio Macri, que buscava sua reeleição com a Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança), e venceu no primeiro turno, com 48% dos votos contra 40% do atual presidente. Os usuários das redes sociais comentaram sobre as eleições ao longo do dia. A seguir, uma análise dos eixos de debate no Twitter.

Das 8 horas do domingo, quando as eleições foram iniciadas, às 8 horas do dia seguinte, foram compartilhados mais de 3 milhões de tuítes (3.388.000) ligados às eleições, dos quais 73% foram retuítes. A porcentagem de retuítes foi menor do que nos debates presidenciais ou no debate de Buenos Aires, de modo que houve mais publicações originais dos usuários.

A atividade nas redes permaneceu estável até o final da votação, e começou a aumentar à medida que os resultados eram especulados, embora os primeiros números oficiais tenham sido divulgados às 21h. O pico de atividade foi atingido entre 22h20 e 23h20, quando a distância entre os primeiros candidatos se consolidou e Macri reconheceu a derrota.

Número de tuítes sobre as eleições de 2019

Os dados referem-se à atividade no Twitter entre as 8h de domingo, dia 27, e de segunda, 28 de outubro de 2019.
Fonte: Elaborado pelo Chequeado a partir da busca de palavras-chave sobre as eleições e as contas dos candidatos a presidente.

Dos tuítes compartilhados, 29% foram publicados na Cidade Autônoma de Buenos Aires; 22% na Província de Buenos Aires; 13% em Córdoba; 10% em Santa Fé; e 5% em Mendoza. Estes são os cinco distritos com a maior população, embora não nessa ordem ou proporção (por exemplo, a Cidade de Buenos Aires tem 7,2% dos habitantes e, nesse quesito, é a quarta e não a primeira). Não existem dados divulgados sobre os usuários do Twitter por província na Argentina. Vale ressaltar que, exceto no território de Buenos Aires, nos demais distritos mencionados, Macri superou Fernández em número de votos.

As hashtags indicam uma das formas em que se enquadram os diálogos no Twitter. Durante o dia de eleições as sete mais utilizadas foram: #eleccionesargentina (3,4%), #fraudek (3,0%), #elecciones2019 (1,5%), #sisepuede (1,5%), #yonovotealachorra (1,5%), “#volvimos” (1,5%) e “#albertopresidente” (1,4%). Ou seja, se forem excluídas as hashtags gerais, as três primeiras foram contra a gestão kirchnerista ou a favor da Juntos por el Cambio, enquanto as duas seguintes estão ligadas à Frente de Todos.

Além disso, 18% dos tuítes compartilhados incluíam a menção a “Macri”; 12% referiam-se ao dia com a palavra “votar”; 10% continham a palavra “todos”; 7% continham “Cristina”; e 6% continham “Alberto”. Vale a pena notar que estas menções aos candidatos podem ser a favor ou contra.

O tuíte mais compartilhado foi publicado por uma conta falsa da ex-presidente e vice-presidente eleita Cristina Fernández de Kirchner (@CFK_) e insulta os eleitores da Frente de Todos por apoiarem a fórmula encabeçada por Alberto Fernández “apesar de tudo que fizemos”. A conta registra atividade desde 2011 e conta com 50,8 mil seguidores.

Tuíte: Não posso acreditar que, apesar de tudo que fizemos durante 12 anos, vocês vão nos eleger novamente. São mais idiotas do que eu pensei. #EleccionesArgentina

O segundo tuíte mais retuitado continha insultos e referências aos dois principais candidatos, assinalando que “a Argentina não avança”. Foi publicado pelo usuário “Back” (@rabcoff20), que apesar de ter apenas 331 seguidores conseguiu 34,3 mil retuítes e 103 mil curtidas em seu tuíte. O perfil está ativo desde 2018 e é descrito como um cinesiologista e fisiatra. A publicação foi citada por contas com milhares de seguidores, como a do ex-participante do programa de entretenimento Combate, Ramiro Nayar (492,2 mil seguidores), e alcançou usuários de outros países que comentaram sobre o resultado da Argentina, como o líder social cristão do Equador, Diego Salgado.

Circulação do segundo tuíte mais compartilhado no dia da eleição

A terceira mensagem mais retuitada incluía um vídeo e denunciava a fraude em uma escola de Ezpeleta. Foi publicada por “Diego Álzaga Unzué” (@atlanticsurff), um perfil com atividade desde 2010 que conta com 133,1 mil seguidores. O usuário registra uma intensa atividade a favor da Juntos por el Cambio e até mesmo disseminou conteúdos que o Reverso, a associação de meios de comunicação contra a desinformação liderada pelo Chequeado, demonstrou serem falsos. Seu tuíte foi compartilhado 22,1 mil vezes e recebeu 30,4 mil curtidas.

Nenhum dos candidatos ficou entre os usuários mais retuitados. No entanto, a conta oficial de Alberto Fernández (@alferdez) foi uma das mais citadas; e a de Mauricio Macri (@mauriciomacri), uma das mais respondidas.

Por último, as três contas mais ativas (em menções, respostas e retuítes) eram próximas à Juntos por el Cambio. Primeiro foi “El Anti Opereta” (@ChauOperetaK), usuário desde 2018 e com 20,3 mil seguidores que atualmente tem a conta suspensa, seguido pelo diretor e roteirista Juan José Campanella (@juancampanella), que tem 803,3 mil seguidores. O terceiro lugar foi para Ulises Chaparro (@VivirporBoca), com atividade desde 2013 e 14,3 mil seguidores, que entre outras coisas se mostrou ofendido pelo resultado de María Eugenia Vidal porque “deu sua vida por essa província de merda, cheia de negros, ladrões, corruptos, mafiosos” e tem quase 8 mil retuítes.

*A Sala de Democracia Digital é uma ação da FGV DAPP, em parceria com Chequeado, na Argentina, Linterna Verde, na Colômbia e Ojo Público, no Peru. Nós monitoramos o debate público nas redes sociais pela América Latina

A análise original está disponível no site do Chequeado aqui.