#DebateEnRedes: A preocupação com a fauna australiana foi o tema central em mais de 2 milhões de tuítes em todo o mundo
Por Mariela García
Atualizado em 28 de janeiro, 2020 às 3:08 pm
Se você tiver apenas alguns segundos, leia estas linhas:
- 24% das mensagens que continham a hashtag “#PrayForAustralia” foram publicadas na Tailândia.
- A mensagem mais compartilhada foi publicada por um empresário japonês ligado à moda que pediu que fossem feitas doações.
- Na Argentina, houve 23 mil mensagens e a palavra mais repetida foi “animais”.
Em setembro de 2019, começaram a ser registrados os primeiros focos de incêndio na Austrália que aumentaram até os dias atuais, deixando 24 mortos, milhões de animais e milhares de casas destruídas pelas chamas. Só no estado de Nova Gales do Sul, no sudeste do país, 5 milhões de hectares já foram queimados. Existem também áreas afetadas no estado de Victoria.
O jornal britânico The Guardian compartilhou em seu site um mapa interativo onde os leitores podem comparar, dependendo da cidade selecionada, a área afetada. Tomando como exemplo Buenos Aires, ao norte o fogo chegaria à cidade de Paraná (Entre Ríos); ao sul, à cidade de Junín em Buenos Aires; ao leste, Concepción del Uruguay (Entre Ríos); e ao oeste, chegaria quase a Venado Tuerto (Santa Fé) ou Marcos Juárez (Córdoba).
Fonte: elaborado pelo Chequeado com base no The Guardian.
Alguns especialistas ligam a gravidade dos incêndios na Austrália à seca e às alterações climáticas. De acordo com reportagens dos jornais do país, as temperaturas registradas em dezembro foram as mais altas desde 1910. O aprofundamento da crise levou a críticas ao primeiro-ministro australiano Scott Morrison, que foi acusado de não responder rapidamente à emergência.
A preocupação é recorrente na mídia mundial e as redes sociais aderiram ao alerta. Nos últimos dias, uma imagem de satélite dos incêndios na Austrália circulou em diferentes plataformas e foi classificada pelo Chequeado como “enganosa”.
Esta mídia analisou como os usuários do Twitter reagiram à hashtag “#PrayForAustralia” (por ser a hashtag mais usada no mundo) desde o primeiro minuto de 1º de janeiro até o meio-dia de 8 de janeiro. Nesse período, 2.412.800 tuítes foram publicados globalmente.
Quase um quarto das mensagens sobre os incêndios foi publicada na Tailândia (24%), seguido pela Indonésia (9%), Japão, Brasil e Estados Unidos (8%). 27% dos tuítes incluíam o emoji do rosto triste (☹️), do rosto chorando (😢) ou do rosto que chora e grita (😭). O coala (🐨) esteve presente em 2% das mensagens, em relação ao sério perigo de extinção da espécie.
A palavra mais repetida pertenceu à língua tailandesa e é traduzida como “combate a incêndios” (13%). No resto do ranking, ficaram os termos japoneses ligados ao “sofrimento” dos coalas (12%) e ao pedido de doação de dinheiro para combater o incêndio e ajudar as pessoas e animais afetados (por exemplo, “se você pode pagar, considere a possibilidade de doar”).
Observando os tuítes compartilhados, uma mensagem de Yusaku Maezawa (@yousuck2020), um empresário japonês que tem quase 7 milhões de seguidores, encabeçou a lista. Em sua publicação, ele convidou seus seguidores a se unirem às doações, que obteve 308.460 retuítes e foi favoritada 192.817 vezes. A segunda mensagem mais retuitada foi lançada por @zornitsaxx, um usuário tailandês que sintetizou os números das consequências conhecidas até agora do incêndio florestal.
O tuíte mais citado foi publicado em português pelo usuário @lilqueencrfsz, cuja conta tem 1.826 seguidores, e que afirma em sua biografia ser fã do time de futebol brasileiro, Flamengo. “Meio bilhão de animais mortos, 5,5 milhões de hectares destruídos e já é 6 vezes pior que o da Floresta Amazônia [pelos incêndios de agosto de 2019 na área] (…) Cadê as autoridades do mundo todo? A Austrália pede socorro!”, disse ele. O seu pedido recebeu 21.295 retuítes.
O impacto no Twitter da Argentina
Na primeira semana do ano, usuários do Twitter na Argentina enviaram 23 mil mensagens com a hashtag #PrayForAustralia. A segunda mais utilizada foi “#Australia”.
A tendência observada em todo o mundo também foi replicada no país: de acordo com as palavras mais usadas, a principal preocupação foi o impacto sobre a fauna. “Animais” (41%) “mortos” (34%) e “milhões” (32%) foram os três termos mais repetidos.
Ao contrário dos emojis escolhidos no resto do mundo, o de mãos postas (🙏) ficou em primeiro lugar na Argentina (32%), seguido do coração partido (💔, 21%). O coala (🐨) esteve presente em 2,6% das publicações.
Segundo o Trendsmap, o tuíte mais influente (medido pelo número de seguidores na conta emissora) foi publicado por Diario Crónica (@cronica, com 720.920 seguidores). Em segundo lugar ficou um retuite de Juana Viale (@ViaJuani tem 720.001 seguidores), atriz e neta de Mirtha Legrand, que compartilhou um vídeo de @JeonBaeHwangKim mostrando uma mulher resgatando um coala que foi atingido pelas chamas.
*A Sala de Democracia Digital é uma ação da FGV DAPP, em parceria com Chequeado, na Argentina, Linterna Verde, na Colômbia e Ojo Público, no Peru. Nós monitoramos o debate público nas redes sociais pela América Latina.
A análise original está disponível no site do Chequeado aqui.