#DebateEnRedes: Como ler os resultados da votação foi um tópico chave na conversa no Twitter sobre #eleccionesuruguay
Por Celeste Gómez Wagner e Mariela García
Atualizado em 27 de dezembro, 2019 às 4:13 pm
Se você tem só alguns segundos, leia estas linhas:
- Foram registradas 44 mil mensagens no Twitter argentino sobre as eleições uruguaias.
- O jornalista Hernán Brienza foi o autor do tuíte mais compartilhado, seguido de uma publicação de Agustín Laje.
- A palavra “Lacalle” esteve presente em 38% das mensagens; “Martínez” em 8%.
No último domingo, ocorreu no Uruguai o segundo turno para eleger seu presidente para os próximos cinco anos. A primeira eleição ocorreu em 27 de outubro, quando a chapa Daniel Martínez-Graciela Villar (Frente Ampla) superou os 39% (949.376 votos) e Luis Lacalle Pou-Beatriz Argimon (Partido Nacional) alcançou 28,6% (696.452 votos). De acordo com a legislação atual, no Uruguai é necessário obter mais de 50% dos votos para evitar o segundo turno.
Na votação, Lacalle conseguiu, com a soma da oposição, ficar na frente com 28 mil votos. No entanto, como a diferença entre os dois é pequena e menor do que os votos observados (35.229, que não são contados no escrutínio primário), o Tribunal Eleitoral anunciou que o resultado final será anunciado quando o escrutínio departamental terminar. Isso ocorrerá entre a próxima quinta e sexta-feira.
O assunto foi a capa de alguns dos principais meios de comunicação do país, como o Clarín, La Nación e Página/12; e também foi um dos mais comentados (trending topic) na Argentina. O Chequeado analisou a repercussão no Twitter em torno das palavras-chave. Aqui estão os principais resultados.
Entre o início das eleições, às 8 horas da manhã do dia 24 de novembro e à mesma hora do dia seguinte, o Chequeado encontrou 44 mil mensagens sobre o assunto compartilhadas no Twitter da Argentina. O pico de tuítes foi às 22h50, momento em que a diferença entre os candidatos foi conhecida, com 97,7% dos votos contados.
Interações no Twitter sobre as eleições no Uruguai
Interações no Twitter sobre as eleições no Uruguai, medidas via Trendsmap, de 24 de novembro das 8h ao mesmo horário do dia seguinte.
As hashtags mais utilizadas foram “#eleccionesuruguay” (“eleições no Uruguai”, com 14%), “#uruguaydecide” (“Uruguai decide”, com 10,1%), “#uruguay” (“Uruguai”, com 6%) e “#elecciones2019” (“Eleições 2019”, com 1,9%). Se seguiram no ranking as hashtags que os próprios candidatos impulsionaram: “#Martínezpresidente” (1,8%), uma hashtag que usa a conta oficial da Frente Ampla em suas mensagens (por exemplo, veja aqui); e “#ahorasi” (“agora sim”, com 1,4%), que é usada pelo candidato do Partido Nacional em suas publicações (por exemplo, veja aqui).
A palavra mais usada nas mensagens sobre a votação foi “uruguai” ( presente em 71% dos tuítes). Seguiram-se “Lacalle” (38%), “Pou” (33%), “presidente” (15%), “direita” (14%) e “esquerda” (11%). “Martínez” foi mencionado em 8% das mensagens.
No Twitter argentino, o tuíte mais compartilhado foi o do jornalista Hernán Brienza (@hernanbrienza), que criticou algumas análises sobre os resultados eleitorais no Uruguai, na Argentina e na Bolívia. De acordo com Brienza, há “desonestidade intelectual” na “direita liberal na América Latina” porque “se Lacalle ganhar no Uruguai por um ponto é uma vitória esmagadora… Se Macri perder por 10 é um empate técnico… Se Evo ganhar por mais de 10 é fraude”. Obteve 3,9 mil compartilhamentos e foi a conta mais ativa sobre o assunto.
Tuíte: Se Lacalle ganhar no Uruguai por um ponto, é uma vitória esmagadora… Se Macri perder por 10, é um empate técnico… Se Evo ganhar por mais de 10, é fraude… A desonestidade intelectual é patrimônio exclusivo da direita liberal na América Latina.
A segunda mensagem mais retuitada foi a do presidente da Fundación Libre, Agustín Laje (@AgustinLaje). Ele disse que se a esquerda perdesse, a “desestabilização política” começaria no Uruguai, e acrescentou uma foto com duas capturas de tela do jornal “El Observador” (Uruguai). A terceira mensagem mais retuitada foi a de “el coya” (@elcoya1977), na qual afirma que Uruguai, Chile, Paraguai, Brasil, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia terão governos opostos ao do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández.
O tuíte mais respondido foi o da conta do Dr. Victor Tutú (@victorfyt), com 50 mil seguidores e uma posição contrária ao peronismo, que disse que queria se mudar para o Uruguai se o Partido Nacional vencesse. “Se hoje @LuisLacallePou ganhar no Uruguai, estou cada vez mais perto de emigrar. Não quero peronismo/populismo/fascismo para mim ou para a minha família, e não quero mais ser roubado. Não será imediatamente, mas será. Separem um lugar para mim, uruguaios”, disse ele, e obteve muitas respostas que concordaram com suas palavras.
A Frente Ampla governa o Uruguai há quinze anos (com as presidências de Tabaré Vázquez, José Mujica e novamente Tabaré Vázquez) e Lacalle Pou é filho do ex-presidente Alberto Lacalle Herrera, que governou entre 1990 e 1995.
De acordo com o último relatório do INDEC sobre o intercâmbio comercial argentino, de outubro de 2018 até o mesmo mês de 2019, o Uruguai foi o segundo destinatário das exportações argentinas para o Mercosul (8,6%), atrás apenas do Brasil (82,7%). Quanto às importações no mesmo período, quase 90% tiveram origem no Brasil, 6,4% no Paraguai e 3,9% no Uruguai.
*A Sala de Democracia Digital é uma ação da FGV DAPP, em parceria com Chequeado, na Argentina, Linterna Verde, na Colômbia e Ojo Público, no Peru. Nós monitoramos o debate público nas redes sociais pela América Latina.
A análise original está disponível no site do Chequeado aqui.