28 maio

CPI da Covid aumenta engajamento digital de senadores no Twitter

Desempenho digital de senadores da CPI da Covid

Atualizado em 28 de maio, 2021 às 10:03 am

  • Apoiadores do governo federal contabilizam mais de 50% do total das interações no Twitter e reverberam “missão cumprida” de Eduardo Pazuello e perseguição ao presidente brasileiro; setores de oposição somam 59,3% dos perfis;
  • O debate atingiu picos de menções nos dois dias de depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello;
  • Entre os senadores independentes ou de oposição, Alessandro Vieira (CIDADANIA-SE), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) apresentam as melhores médias de interações semanais durante o período da CPI; Angelo Coronel (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM) apresentam maior aumento relativo;
  • Entre os senadores alinhados ao governo, Marcos Rogério (DEM-RO) apresenta o desempenho mais destacado no Twitter, com aumento de mais de 3.000% no volume médio de interações entre o período da CPI e o início do ano.

Evolução de menções à CPI da Covid no Twitter
Período: de 0h de 18 de maio às 0h de 25 de maio de 2021

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

Das 0h de 18 de maio às 0h de 25 de maio de 2021, foram identificadas 4,1 milhões menções à ‘CPI da Covid’ no Twitter, segundo um levantamento da Diretoria de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP). O debate ganhou maior repercussão no dia 19/05 às 15hs ‒ somando 14.285 mil postagens ‒, em virtude das declarações proferidas pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao defender que o presidente Jair Bolsonaro não fez interferência na compra das vacinas e ao assinalar como “missão cumprida” a sua saída do Ministério da Saúde. Nesse momento, o debate no Twitter reverbera ironias sobre as expressões “missão cumprida” e “omissão cumprida”, enfatizando a lentidão na vacinação e o grande número de mortes vítimas da Covid-19 no Brasil. Outro momento de grande mobilização no debate ocorreu no dia 20/05 às 15hs ‒ somando 12.039 mil postagens ‒ , quando várias postagens destacam a CPI como uma suposta forma de “palanque eleitoral” para 2022, culpabilizando e perseguindo o atual presidente, na esteira de uma fala do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que direcionou críticas à atuação de governadores e prefeitos no combate à pandemia.

Mapa de interações do debate sobre a CPI da Covid no Twitter
Período: de 0h de 18 de maio às 0h de 25 de maio de 2021

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

Azul ‒ 34,3% dos perfis | 53,4% das interações
Composto por jornalistas, perfis que se autointitulam como conservadores e políticos que apoiam o governo federal; esse grupo conduz o debate afirmando que a CPI da Covid é uma forma de perseguir o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e isentar os governadores. Algumas postagens destacam a suposta eficácia do medicamento hidroxicloroquina, criticam a oposição por construir narrativas que deslegitimam o uso da cloroquina e, ainda, afirmam que a CPI funciona como “cortina de fumaça” para não investigar desvios de recursos públicos.

Vermelho ‒ 51,1% dos perfis | 41,4% das interações
Composto por veículos de comunicação e políticos que fazem oposição ao governo federal; esse grupo denuncia e nomeia o presidente brasileiro de “genocida”, alegando que o chefe executivo do Brasil é o responsável pelas decisões de não intervir no Estado do Amazonas – agravando a crise sanitária e aumentando a quantidade de mortes na região, e de sabotar a estratégia de isolamento social traçadas por alguns governadores. O grupo, ainda, apresenta postagens que revelam indignação sobre a insistência dos apoiadores do governo federal em defender o uso da cloroquina no tratamento precoce da doença, ao invés de investir em vacinas e na vacinação dos brasileiros.

Amarelo ‒ 8,3% dos perfis | 3,6% das interações
Composto por perfis de humor, jornalistas e usuários comuns; esse grupo critica a postura de Pazuello em promover, junto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aglomerações; compara os depoimentos do ex-ministro de Saúde, Eduardo Pazuello, ao da ex-presidenta Dilma Rousseff – enfatizando o contraste entre a valentia da ex-presidenta e o desconforto do ex-ministro no momento de responder os questionamentos no Senado. Além disso, postagens, em tom de ironia, demonstram apoio e projetam “torcidas” para o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid.

Os senadores da CPI no Twitter

Dos 18 senadores envolvidos diretamente na CPI (11 titulares e 7 suplentes), 16 possuem conta no Twitter. Entre 1º de janeiro e 24 de maio, foram publicadas 5.988 tuítes, dos quais 30% foram publicados desde 27 de abril, data de início da CPI. Para a análise, foi calculada a média de interações por tuítes de cada um dos senadores desde 1º de janeiro em periodicidade semanal.

Média de interações em publicações de senadores membros e suplentes na CPI da Covid por semana no Twitter
Período: de 1º janeiro a 24 de maio de 2021

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

O gráfico ilustra não somente os padrões de alcance da atuação distintos entre os senadores, mas também o efeito da CPI em seus engajamentos digitais. Em relação ao primeiro ponto, nota-se que senadores como Alessandro Vieira (CIDADANIA-SE), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Humberto Costa (PT-PE) e Jorginho Mello (PL-SC) apresentam média usualmente acima de 500 interações em diversas semana. Um segundo conjunto de parlamentares, como Marcos do Val (PODEMOS-ES), Rogério Carvalho (PT-SE), Ciro Nogueira (PP-PI) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresenta engajamento médio abaixo das 500 interações na maior parte das semanas, mas possui estabilidade no desempenho da rede. Por fim, há um conjunto de senadores que não têm penetração ou continuidade em relação à comunicação do Twitter.

Já em relação ao impacto da CPI na engajamento mensal médio dos senadores, observa-se aumento expressivo nas interações de senadores de oposição ao governo, como Alessandro Vieira (CIDADANIA-SE), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), além de um aumento menor no caso do senador Humberto Costa (PT-PE). Em relação ao volume de interações entre os primeiros meses e o mês de maio, destacam-se os senadores Angelo Coronel (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM), que obtiveram aumento de 2.032% e 1.944%, respectivamente.

Já em relação ao campo governista, nota-se a ascensão muito expressiva do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que impulsionou seu engajamento em 3.311% na comparação entre o mês de maio e o início do ano. As semanas de 16 e 23 de maio, em especial, representaram a virada no alcance do senador de Rondônia, com a exibição de vídeos que supostamente incriminariam governadores e prefeitos por crimes investigados contra o governo federal no contexto da CPI.

Os senadores da CPI no Facebook

Todos os 18 senadores envolvidos diretamente na CPI (11 titulares e 7 suplentes) possuem conta no Facebook. Entre 1º de janeiro e 24 de maio, foram publicadas 11.022 publicações, que geraram 39,8 milhões de interações. Assim como no Twitter, foi calculada a média de interações por tuítes de cada um dos senadores desde 1º de janeiro em periodicidade semanal.

Média de interações em publicações de senadores membros e suplentes na CPI da Covid por semana no Facebook
Período: de 1º janeiro a 24 de maio de 2021

Fonte: Facebook | Elaboração: FGV DAPP

No Facebook, por sua vez, não foi identificada mudança significativa no volume médio de interações no contexto da CPI. É interessante notar uma mudança de patamar em relação aos volumes médios do Twitter, com os senadores de maior relevância alcançando números entre cinco e dez mil interações em diferentes momentos. A CPI não representou o maior pico de interações para os senadores com maior engajamento no período, o que ocorreu somente Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Rogério (DEM-RO) e Renan Calheiros (MDB-AL).

Os três senadores mencionados apresentaram o maior aumento de interações no período, com destaque para Marcos Rogério (DEM-RO), que obteve aumento de 268,8% e Ciro Nogueira (PP-PI), com aumento de 206,6%. Uma hipótese para explicar o baixo impacto da CPI pode ser a utilização mais frequente do Facebook como plataforma de comunicação institucional e mobilização de apoiadores do que o Twitter, cujo uso pode estar mais atrelado a reações em relação a temas quentes no noticiário político.