13 jul

Com 1,42 milhão de tuítes, debate sobre presidenciáveis mira no assassinato de petista por apoiador do presidente

Atualizado em 19 de julho, 2022 às 9:30 am

  • Com maioria dos perfis, grupo de esquerda no Twitter usa o assassinato de militante petista para atribuir ao bolsonarismo intolerância e morte; como resposta, presidente brasileiro alega que violência seria comportamento típico da esquerda;
  • No Facebook, repúdio aos atos de violência sofridos por militantes da esquerda são predominantes; direita concentra ataques ao ex-presidente Lula e à esquerda;
  • Os links de maior circulação que repercutem a participação de Jair Bolsonaro na Marcha para Jesus enfatizam o discurso “do bem contra o mal” e as pautas de costumes defendidos pelo presidente.

Durante o final de semana, parte do debate público nas redes sociais ficou marcado pelo envolvimento do nome de candidatos à Presidência em episódios polêmicos. Entre os dias 9 e 10 de julho, foi identificado um total de 1,42 milhão de menções no Twitter a Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) ou André Janones (Avante), segundo levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP). Os principais temas das postagens foram Bolsonaro, que figurou em 960,3 mil tuítes; e Lula, em 585,9 mil tuítes. Ambos tiveram seus nomes implicados, sobretudo, no assassinato de um militante petista por suposto apoiador do atual presidente, em Foz do Iguaçu (PR), no sábado (9).

 

Evolução do debate sobre presidenciáveis no Twitter
Período: 09 e 10 de julho de 2022

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

Além do crime, teve repercussão no período, ainda, a presença de Jair Bolsonaro na Marcha para Jesus, em São Paulo (SP), no sábado (9). Tema de forte engajamento, a palavra “marcha” aparece em 90,2 mil tuítes (ou 6,4% do debate) ‒ em comparação com 76,5 mil (ou 5,4%) menções ao primeiro nome da vítima, Marcelo. Já a palavra “bolsonarista”, em referência ao assassino, aparece em 131,3 mil tuítes (9,3%). Entre as hashtags mais usadas no debate, têm destaque #lulaeoptunindoobrasil, em 17,9 mil postagens; #bolsonarismomata, em 11 mil postagens; e #bolsonaronoprimeiroturno e #bolsonaroreeleito2022, em 14,7 mil e 12,9 mil tuítes cada.

 

Palavras e hashtags mais usadas no debate sobre
presidenciáveis no Twitter

Período: 09 e 10 de julho de 2022

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

 

Mapa de interações do debate sobre presidenciáveis no Twitter
Período: 09 e 10 de julho de 2022

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

 

Esquerda ‒ 43,96% dos perfis | 40,59% das interações
Orbitando o perfil de @lulaoficial, grupo formado por políticos de esquerda, artistas e jornalistas críticos ao governo repercute, em tom de solidariedade, o assassinato do militante petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR). Destacando a informação de que o suspeito do crime seria apoiador do atual presidente, postagens alegam que seria próprio do movimento bolsonarista a exaltação da intolerância e da morte. Circulam, ainda, críticas à proposta de aumento do Auxílio Brasil, devido à demora na tomada da decisão, que aparentemente teria pretensões eleitoreiras.

Direita ‒ 38,39% dos perfis | 50,77% das interações
Contando com políticos de direita, jornalistas e influenciadores digitais conservadores, liderados pelo perfil de @jairbolsonaro, grupo se concentra em disseminar, de um lado, mensagem do presidente brasileiro rechaçando a atitude de um apoiador que assassinou um militante da oposição ‒ na tentativa de devincilhar o bolsonarismo de ações violentas e de vandalismo ‒ e, de outro, imagens e vídeos da sua participação na Marcha para Jesus, em São Paulo (SP). Mensagens também repercutem ações do governo federal, tais como o aumento do número de micro e pequenas empresas e, consequentemente, de empregos, além de facilidades voltadas para aposentados e pensionistas. Há, ainda, insinuações de que Lula teria mantido aliança com ditaduras latinoamericanas durante as gestões petistas.

Influenciadores anti-governo ‒ 4,06% dos perfis | 1,61% das interações
Mobilizado por influenciadores digitais, perfis e canais de entretenimento, o grupo manifesta indignação com a atuação do presidente Jair Bolsonaro na administração do país, sobretudo, no que se refere ao aumento dos combustíveis ‒ especialmente da gasolina ‒ e à negligência no investimento e na construção de universidades. Além disso, postagens salientam episódios de violência, repercutindo o assassinato de Marcelo Arruda, que foi assassinado, durante sua festa de aniversário, por um suposto eleitor de Bolsonaro. As mensagens que evidenciam esse episódio ainda associam os eleitores do atual presidente brasieliro a um perfil violento e ‒ em tom de ironia ‒ sugerem a tese de que bolsonaristas seriam “bandidos”.

Terceira via ‒ 7,36% dos perfis | 5,30% das interações
Contanto com o perfil de @cirogomes e agitado por canais de mídia alternativa, jornalistas e influenciadores digitais, o grupo repercute atos de violência tanto relativos ao episódio em Foz do Iguaçu, que culminou na morte do militante Marcelo Arruda, quanto ao discurso de Lula, em Diadema, em que retoma a agressão de um apoiador petista a um empresário para defendê-lo. Vale salientar que Ciro Gomes lamenta o assasinato ‒ evidenciando o envolvimento dos eleitores de Bolsonaro e Lula e denominando como “tragédia humana e política”. O pedetista ainda chama a atenção para o fato de que o ódio político precisa ser contido para evitar novos eventos como esse e não deixar tomar proporções gigantescas. O presidenciável menciona a Marcha para Jesus, exaltando os valores cristãos em seu perfil.

 

Principais tuítes por grupo no debate sobre presidenciáveis
Período: 09 e 10 de julho de 2022

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

 

Mapa de compartilhamentos de links sobre presidenciáveis no Facebook
Período: 09 e 10 de julho de 2022

Fonte: Facebook | Elaboração: FGV DAPP

 

Direita ‒ 24,31% dos perfis
Grupo formado por atores políticos, influenciadores digitais conservadores e canais de mídia partidarizada, com forte destaque para o site Jornal da Cidade Online entre os principais links compartilhados. O grupo, que apoia o presidente Jair Bolsonaro, repercutiu amplamente a Marcha para Jesus, em São Paulo, no sábado (09). Além de exaltarem os valores cristãos, perfis comparam registros do ato em que o ex-presidente Lula participou em Diadema, também no sábado, com a Marcha em que participou o presidente, sugerindo inconsistência com os dados de pesquisa de intenção de voto, ainda, há links que divulgam resultados de pesquisas nas quais supostamente Bolsonaro exibe vantagem. Ataques ao ex-presidente Lula e à esquerda compõem parte majoritária dos links de maior circulação.

Esquerda ‒ 29,64% dos perfis
Composto de políticos de esquerda e links provenientes em sua maioria de sites da imprensa tradicional, o grupo protestou enfaticamente o assassinato do militante e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu. Enfatizam a intolerância e a violência políticas como ameaças direta à democracia e como consequências do discurso de ódio incentivado pelo governo. Outros atos de violência também são repercutidos, a exemplo do bomba caseira jogada em meio a um comício de apoio ao ex-presidente Lula na Cinelândia (RJ), acendendo alertas sobre a segurança do candidato e do próprio processo eleitoral.

Perfis de sites de notícias ‒ 3,84% dos perfis
Grupo repercute as notícias que marcaram o fim de semana a partir de links de portais de mídia tradicional. Os atos de violência sofridos por militantes da esquerda são predominantes e repercutem o assassinato do militante petista em Foz do Iguaçu (PR), e o atentado com bomba de fabricação caseira no ato do pré-candidato Lula na Cinelândia (RJ). As notícias da Marcha para Jesus dão destaque às pautas de costumes e ao discurso “do bem contra o mal” evocados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Terceira via ‒ 2,98% dos perfis
Grupo que predomina perfis de apoio a Ciro Gomes e Sergio Moro, repercutem a crise econômica e política como legados da gestão de Lula e de Bolsonaro. Não há destaque aos atos de violência registrados no fim de semana.

Anti-Lula ‒ 1,55% dos perfis
Formado por páginas e perfis de apoio ao presidente Bolsonaro, o grupo concentra ataques ao ex-presidente Lula e relativiza os atos de violência ocorridos contra os apoiadores da esquerda no fim de semana, insinuando que “a esquerda seria capaz de armar um atentado para culpar Bolsonaro”.

Anti-esquerda ‒ 4,36% dos perfis
Grupo também composto por páginas e perfis aliados ao presidente Bolsonaro, o grupo repercute a crise na Argentina, e ataca organizações e atores nacionais da esquerda, a exemplo da CUT, o político José Dirceu e a chapa Lula e Alckmin.

Perfis de vendas ‒ 2,47% dos perfis
Formado por páginas de trocas e vendas, o grupo compartilhou link com padrão de clickbait que trata do ato de violência ocorrido no evento com o ex-presidente Lula na Cinelândia (RJ).