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Após paridade com base de Lula, grupo governista volta a se coordenar no Twitter rumo ao 2º turno

Atualizado em 6 de outubro, 2022 às 3:40 pm

  • Mesmo fragmentados, grupos progressistas e críticos ao governo ‒ que contam com 47,9% dos perfis e 40,3% das interações ‒ convergem na rejeição a Jair Bolsonaro;
  • Campanha para que eleitores de candidatos da terceira via migrem seu voto para Lula no segundo turno circula com força entre grupos progressistas e antibolsonaristas;
  • Segurança e saúde protagonizam a discussão eleitoral, superando o debate sobre economia e mobilizando fortes sentimentos de rejeição a Lula e a Bolsonaro;
  • Enquanto Ciro Gomes aparece isolado, Simone Tebet estabelece pontos de contato significativos com a esquerda. Críticas à campanha de voto útil e “culpabilização” por segundo turno marcam discurso de eleitores da terceira via.

O momento de apuração dos votos e as repercussões aos resultados no dia seguinte das eleições de primeiro turno foram marcados pelo tom de decepção e incredulidade por ambos os campos políticos. Os temas da segurança e da saúde despontam como os principais no debate, superando o tema da economia fortemente mobilizado ao longo da disputa eleitoral. De um lado, a base governista alça o argumento anticorrupção, concentrando alto volume de interações; do outro, o campo progressista relembra os números e a má gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo federal, reunindo aproximadamente metade dos perfis, é o que mostra o levantamento da Escola de Comunicação da FGV que analisou mais de 1 milhão de postagens com as repercussões ao pleito no Twitter, no período de 16h do dia 02 às 12h do dia 03 de outubro.

Mapa de interações ‒ Twitter

Mapa de interações do debate sobre os candidatos à Presidência no Twitter
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

 

 

Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

Direita (azul) ‒ 14,85% dos perfis | 27,89% das interações
Grupo formado por Jair Bolsonaro, políticos e influenciadores da extrema-direita. O endosso à declaração do presidente após o resultado do primeiro turno e supostas denúncias de fraude no processo eleitoral dão a tônica das interações desse conjunto. O caso de Minas Gerais, em que diversos aliados foram eleitos mas Bolsonaro não teve a maioria dos votos, repercute como “evidência” de fraude. Mensagens de estímulo à militância bolsonarista diante da preferência a Lula também circularam no grupo.

Esquerda (vermelho) ‒ 13,51% dos perfis | 15,57% das interações
Orbitando o perfil oficial de @lulaoficial, o grupo reúne jornalistas, ativistas sociais e influenciadores digitais da sua base de apoio. Viralizam na comunidade mensagens de otimismo do candidato quanto ao segundo turno, prometendo maior aproximação com o eleitorado brasileiro. Perfis que admitem terem votado em outros candidatos declaram ‒ e pedem ‒ voto em Lula para o final do pleito. Outras postagens reiteram sua rejeição a Jair Bolsonaro ou comemoram as derrotas que candidatos da base conservadora do país sofreram nestas eleições.

Influenciadores progressistas (lilás) ‒ 11,38% dos perfis | 13,33% das interações
Conjunto composto por influenciadores progressistas que apoiam Lula. Lembretes sobre ações de Bolsonaro na pandemia, declarações de rechaço à candidatura do presidente e publicações em tom humorístico sobre o resultado do primeiro turno, além de referências à cultura pop, modulam a atmosfera do grupo.

Jovens progressistas (amarelo) ‒ 10,32% dos perfis | 8,45% das interações
Base formada por perfis comuns, sobretudo de jovens mulheres, que contra argumentam uma das maiores bandeiras antipetistas: a de que Lula é um ex-presidiário corrupto. Seja afirmando que Bolsonaro também já foi preso ou ainda ironizando os argumentos da base governista, este grupo demarca uma clara oposição ao presidente e explicita, consequentemente, apoio a Lula. A base também discute aspectos relacionados à educação, argumentando que estudantes de universidades públicas não deveriam apoiar Bolsonaro.

Antibolsonaristas não alinhados (rosa) ‒ 9,47% dos perfis | 8,85% das interações
Composto por perfis de usuários comuns, o grupo critica a alegada incoerência de votar em Lula para o Executivo, mas não eleger políticos da sua base de apoio para cargos no Legislativo. Postagens miram ataques a Ciro, pela postura alegadamente teimosa e pouco amigável do pedetista que teria atrapalhado a eleição; na ocasião, o grupo faz campanha por voto útil em Lula no segundo turno.

Terceira via (verde) ‒ 3,26% dos perfis | 2,96% das interações
Grupo capitaneado pelos candidatos da terceira via e apoiadores. O tom geral é de crítica à esquerda pela campanha de voto útil e pela “culpabilização” da terceira via por haver o segundo turno de presidenciáveis, ideia que dominou o debate entre apoiadores de Ciro Gomes. Enquanto Simone Tebet publicou vídeo de agradecimento aos eleitores, Ciro não se manifestou na rede e a repercussão a seu respeito ficou a cargo de apoiadores. No grafo, Tebet estabelece maiores pontos de contato com a esquerda, enquanto Ciro ocupa uma posição mais isolada.

 

Principais tuítes dos grupos no mapa de interações do Twitter
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

Presidenciáveis no Twitter

Evolução de menções aos candidatos à Presidência no Twitter
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

 

 

Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • O início da apuração dos votos ficou marcado pelo crescimento do volume de postagens sobre os dois nomes que lideravam a contagem, Bolsonaro e Lula, com o pico de menções aos candidatos acontecendo às 20:00, momento em que já circulava nas redes sociais a informação de que o petista passava o atual presidente e conquistava o topo da lista;
  • Viraliza postagem de Bolsonaro comemorando a eleição no primeiro turno de governadores da sua base de apoio. No entanto, o nome do atual presidente aparece com mais força em mensagens críticas, que declaram evitar o convívio com apoiadores do candidato e elogiam oo estados em que ele foi derrotado;
  • O momento em que a apuração passou a mostrar maioria de votos em Lula, superando Bolsonaro, que liderava o início da contagem, aqueceu o debate em torno do petista. Enquanto perfis de apoiadores começavam a confabular sobre possibilidades para o segundo turno, críticos insistiam na associação do ex-presidente com organizações criminosas e o STF;
  • Os nomes de Tebet e Ciro apareceram sobretudo em tuítes que atualizavam periodicamente os números da apuração de votos, com algumas postagens já arriscando cálculos sobre a migração dos votos que ambos receberam para os dois candidatos que seguirão no pleito. A emedebista é alvo de elogios, ainda, por reforçar a importância de candidatos e partidos manifestarem seu apoio nos nomes que concorrerão no segundo turno.

 

Principais palavras do debate sobre os candidatos à Presidência no Twitter
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • Postagens que recrutavam as hashtags #eleições2022 ou #eleicao2022 para atualizar e comentar os números da apuração de votos ‒ tanto dentro quanto fora do país ‒ compõem maior parte do debate sobre o pleito. Quando apenas 1% das urnas havia sido apurado, pedia-se calma a avaliações precipitadas;
  • Há um reconhecimento generalizado entre seus apoiadores de que, para Lula ganhar, é necessário evitar desentendimentos com eleitores de Tebet e Ciro para convencê-los a votar no petista e garantir a vitória no segundo turno;
  • A diferença de seis milhões de votos entre Lula e Bolsonaro no desfecho do primeiro turno ventilou certo otimismo entre os eleitores do petista. Já a vitória imediata de Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais ‒ bem como a importância da reeleição para o desempenho de Bolsonaro no segundo turno ‒ colocou o estado na mira de apoiadores do atual presidente.

 

Evolução de temas no debate sobre eleições no Twitter
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • Segurança e Saúde despontam como os principais temas do debate sobre eleições no Twitter. De um lado, a base governista levanta a bandeira anticorrupção para criminalizar Lula e o PT, chamando o candidato de ex-presidiário e associando-o ao PCC. De outro, o campo progressista explicita oposição a Bolsonaro, relembrando números e falas referentes à gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo federal. Ambos os grupos não compreendem os motivos para o candidato da oposição ter tanto apoio. Com picos similares ao final da apuração dos votos, a mobilização destes temas reflete um cenário polarizado no qual a rejeição a Bolsonaro e a Lula obtém um papel protagonista;
  • A disputa também gerou embates no quesito educação, com a base governista e os grupos de oposição se acusando mutuamente de “falta de escolaridade”. Aqui, a narrativa se constitui de modo acalorado, com xingamentos e manifestações da xenofobia, sendo o Nordeste o principal alvo;
  • Já as menções à economia – tema que, durante a corrida eleitoral, obteve destaque – foram mobilizadas de modo um pouco mais lateral, com críticas às políticas de assistência do governo Lula. O Nordeste, novamente, ganha um destaque negativo, sendo enquadrado, pela base bolsonarista, como uma região que recebe muito assistencialismo, mas pouco contribui com o PIB nacional;
  • Em meio ambiente, as expectativas para o futuro pautam o debate, marcado, principalmente, por grupos progressistas. Enquanto a eleição de antiambientalistas, como Ricardo Salles, repercute como um alerta crítico para a agenda socioambiental; a conquista de indígenas e ativistas nas urnas mantém algum tom de esperança entre o campo, com destaque para a eleição de Sonia Guajajara. A oposição a Bolsonaro também aparece nesta discussão, assim como em infraestrutura, com dados negativos sendo acionados para contestar aqueles que apoiam o presidente.

 

Notícias no Facebook

Principais links sobre os candidatos à Presidência no Facebook
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

Top perfis no Instagram

Perfis com maior engajamento no debate sobre os candidatos à Presidência no Instagram
Período: das 16h de 02 de outubro às 12h de 03 de outubro

Fonte: Instagram | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV