25 fev

Alvo de críticas no Twitter, investida russa contra a Ucrânia contabilizou mais de 2 milhões de postagens em duas semanas

Atualizado em 3 de março, 2022 às 11:49 am

  • Em debate fragmentado, maioria critica a decisão de Vladimir Putin, lamenta a situação dos cidadãos ucranianos e tem receio da iminência de uma guerra mundial;
  • Sem cimentar uma opinião clara sobre Putin ou sua decisão, base de apoio do governo brasileiro ataca a postura de Biden e da Otan em relação ao conflito;
  • Políticos de esquerda tiveram pouca proeminência no debate, que foi dominado por perfis de usuários comuns, canais de entretenimento e celebridades.

Eventos envolvendo a Rússia e a Ucrânia agitaram as redes sociais do Brasil nas últimas duas semanas. De 10 a 24 de fevereiro, foram identificadas 2,09 milhões de postagens no Twitter sobre os dois países, segundo um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP).

Evolução do debate sobre Rússia e Ucrânia no Twitter
Período: de 9 a 24 de fevereiro

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

O momento de maior mobilização da plataforma aconteceu no dia 24 ‒ contabilizando 1,37 milhão de tuítes ‒, quando foi anunciado um avanço de tropas russas sobre o país vizinho. A maior parte do debate lamenta a investida da Rússia ou manifesta grande preocupação com as proporções que o conflito poderia tomar, sugerindo a iminência de uma possível Terceira Guerra Mundial.

Mapa de interações do debate sobre Rússia e Ucrânia no Twitter
Período: de 9 a 24 de fevereiro

Fonte: Twitter | Elaboração: FGV DAPP

Laranja ‒ 14,10% dos perfis | 16,30% das interações
Composto por canais de mídia tradicionais e alternativos e jornalistas, o grupo compartilha informações, acompanhadas de fotografias e vídeos, do momento em que as operações militares da Rússia começaram em território ucraniano. Imagens mostram ataques aéreos no país e a movimentação dos civis durante as investidas.

Azul ‒ 12,65% dos perfis | 20,22% das interações
Orbitando o perfil de Jair Bolsonaro (PL), grupo composto por blogueiros e influenciadores digitais da ala conservadora repercute postagens do presidente brasileiro sobre os esforços do governo para proteger e auxiliar brasileiros na Ucrânia. Sem se posicionar abertamente em relação à decisão de Putin, postagens se concentram em criticar a ineficiência da atuação e do posicionamento de líderes mundiais ‒ como os presidentes norte-americano, Joe Biden, e chinês, Xi Jinping ‒, bem como da Otan, diante do conflito.

Verde ‒ 10,27% dos perfis | 9,10% das interações
Grupo de perfis de usuários comuns manifesta forte receio com relação às investidas russas contra a Ucrânia e repudia o conflito. Postagens se comovem com a situação dos cidadãos ucranianos e tecem críticas a declarações de Vladimir Putin sobre sua decisão.

Rosa ‒ 9,57% dos perfis | 8,79% das interações
Contando com cientistas políticos e analistas internacionais, grupo lamenta a possibilidade de ter que experienciar uma guerra logo após uma pandemia mundial. Criticando a decisão russa de atacar a Ucrânia, perfis insistem que guerras são despropositadas e impactam principalmente cidadãos comuns.

Lilás ‒ 9,18% dos perfis | 10,02% das interações
Composto por jornalistas, canais de entretenimento ‒ com destaque para o perfil @choquei ‒ e de divulgação científica, grupo alerta para os efeitos devastadores da ação russa para o mundo. Com críticas a Vladimir Putin, postagens compartilham imagens de cidadãos russos protestando contra a decisão do presidente e de civis ucranianos se refugiando em zonas de segurança.

Amarelo ‒ 8,50% dos perfis | 9,22% das interações
Grupo formado por historiadores, cientistas políticos e jornalistas traz análises do episódio, com informações a respeito do histórico de relações entre Rússia e Ucrânia e da atuação dos Estados Unidos nesse contexto. Alegando não se tratar de um conflito simples, entre o bem e o mal, muitas postagens atribuem à Otan papel crítico na circunstância.