A tensão nas redes sociais na semana anterior ao início da Convenção
por Espacio Público | Chile
Atualizado em 2 de julho, 2021 às 11:45 am
Esta semana, poucos dias antes da primeira sessão da Convenção Constituinte no edifício do antigo Congresso Nacional, a conversa no Twitter sobre o processo constituinte foi marcada pela licitação para a segurança da Convenção, os orçamentos e as exigências não atendidas dos constituintes dos povos indígenas Mapuche, Aymara e Chango.
Entre os dias 21 de junho, terça-feira, e 29 de junho, terça-feira (168 horas de dados), 89.900 tuítes relacionados com a busca foram publicados. 71.800 foram retuítes (80%) e 6.500 foram respostas a outros tuítes (7%).
O tuíte com o maior número de retuítes foi a publicação do Ciper sobre a licitação concedida à INCAR Seguridad para o serviço de vigilância e segurança para a Convenção Constituinte. O motivo da polêmica tem dois elementos importantes. Em primeiro lugar, a empresa é dirigida por um ex-carabineiro que foi membro do Grupo da Guarda Presidencial durante a ditadura e durante o mandato de Patricio Aylwin. Em segundo lugar, o orçamento destinado ao componente de segurança é semelhante ao orçamento destinado à participação cidadã (488 milhões de pesos e 500 milhões de pesos, respectivamente).
Licitación adjudicada: seguridad de la Convención Constitucional será dirigida por ex miembro de la guardia presidencial de Pinochet y Aylwin 👇
🔎Empresa registra 197 sanciones de la DT y cobrará casi el mismo monto destinado a "participación ciudadana" https://t.co/7cgDqRawtL
— CIPER Chile (@ciper) June 24, 2021
Texto do tuíte: Licitação concedida: segurança da Convenção Constitucional será liderada por ex-membro da guarda presidencial de Pinochet e Aylwin 👇
🔎Empresa registra 197 sanções da DT (Direção do Trabalho) e cobrará quase o mesmo valor pela “participação cidadã”.
Esta semana, a conta com mais conexões foi a do Ciper, seguida da conta da constituinte eleita Teresa Marinovic, a conta de Claudio Nash, a conta da jornalista Alejandra Matus e a conta do constituinte eleito Mauricio Daza.
Outro assunto que gerou controvérsia foi a exigência da renúncia do Secretário Executivo da Unidade de Secretaria Administrativa da Convenção Constituinte, Francisco Encina, por não cumprir as exigências individuais e coletivas solicitadas ao Segpres (Ministério Secretaria Geral da Presidência) pelos constituintes dos povos originários. Alguns dos requisitos são específicos da cerimônia de posse, e outros se aplicam à condução da Convenção em geral.
A partir da nuvem de conceitos com as palavras mais usadas nas publicações, é possível ver do que se tratou a conversação na rede social. As palavras “segurança”, “guarda”, “licitação”, “empresa”, “orçamento”, “destinado”, “concedida”, “secretário”, “milhões”, “pinochet” e “aylwin” estão relacionadas à nota do Ciper sobre a licitação de segurança e as críticas ao orçamento.
O Secretário Executivo da Unidade de Secretaria Administrativa da Convenção Constituinte, Francisco Encina, aparece como um ator relevante pela primeira vez na pesquisa do Debate Digital. A ele foram dirigidas muitas das críticas à organização da Convenção, e ele aparece no mapa de comunidades elaborado a partir dos resultados da busca com uma comunidade própria, mas sem muito alcance em relação às outras comunidades. O resto das contas com mais conexões no mapa estão claramente distribuídas entre o mundo da esquerda e da direita.
Nota metodológica:
“pueblos originarios” OR Constituyent* OR Constitucional* OR Constitucio* OR Convencion* OR #ConvencionConstitu* OR #procesoconstitu* OR #nuevaconstituci* OR #Constituc* -acusa*
Durante esta semana, a consulta integrou em seus termos o conceito de “povos originários”, dado o debate ocorrido sobre as condições que seus representantes solicitaram ao governo no âmbito da Convenção. Além disso, a fim de isolar da busca o debate no Twitter sobre a acusação constitucional ao Ministro da Saúde Enrique Paris, por não estar relacionado ao debate da Convenção Constitucional, o termo “acusa*” foi excluído da consulta.
*A Sala de Democracia Digital é uma ação da FGV DAPP, em parceria com Chequeado, na Argentina, Espacio Público, no Chile, Linterna Verde, na Colômbia e Ojo Público, no Peru. Nós monitoramos o debate público nas redes sociais pela América Latina.
A análise original está disponível no site do Espacio Público aqui.